terça-feira, 9 de março de 2010

Pondé: Que falta faz uma pombagira...

MULHERES GOSTAM de fazer sexo oral em homens? Dirá a leitora assustada: “Meu Deus, do que estará falando este colunista em plena segunda-feira de manhã, quando só consigo pensar em trabalho? Isso é papo de sexta-feira à noite, cara! Vá se tratar… Isso não se pergunta a uma dama sem pelo menos três taças de vinho antes e um jantar num restaurante caro!”.

Calma, querida leitora, não fique brava. Tome mais um gole de café, coma uma fatia de pão integral com queijo branco (ainda será o queijo branco indicado pelas nutricionistas ou já descobriram que ele engorda?). Passe seu batom em paz, calce seu salto alto. Sorria pra si mesma no espelho.

Vou explicar. Não estou querendo lembrar a você o final de semana sem graça que teve, ou, ao contrário, o final de semana cheio de graça que teve, se você deu sorte e se sua pombagira sorriu pra você. Você sabe o que é uma pombagira? Não? Então, vá a uma gira de umbanda (uma reunião religiosa em um terreiro de umbanda), numa noite que as entidades espirituais que descem ao mundo (isto é, nos corpos de algumas mulheres) são mulheres que, quando viveram neste mundo, foram mulheres devassas (como a cerveja maldita da Paris Hilton, cujo comercial foi proibido pela repressão fascista). Cada mulher tem “sua” pombagira. Quer ouvir um segredo? Em matéria de espiritualidade, são minhas prediletas. Voltando à vaca fria, será que estamos todos loucos e, desde a caverna, a vida sexual de machos e fêmeas foi um engodo porque as mulheres só topam sexo oral com homens porque são obrigadas? Humm… Custo a crer.

Vamos aos detalhes sangrentos. Você viu nesta Folha, dia 24/2, na Folha Corrida, uma foto onde há uma mulher, ajoelhada (presumo, porque as pernas dela não aparecem, mas também pode estar sentada numa cadeira de escritório), diante de um homem, que tem sua mão posta sobre a cabeça dela, pronta para ser “obrigada” a fazer sexo oral nele? Em sua boca, ela tem um cigarro. A mensagem é “fumar é uma submissão, como o sexo oral feito por mulheres em homens” (campanha da BDDP & Fils).

Trata-se da campanha de uma associação de não fumantes na França que quer denunciar a submissão dos fumantes aos malditos fabricantes de cigarros.

Sem entrar no mérito de que suspeito dessa coisa de que fumantes são vítimas de submissão aos fabricantes (talvez porque nunca senti compulsão para fumar, como muita gente sente, apesar de adorar tabaco), acho que essa propaganda é um caso clássico de exagero ideológico. Claro que existe violência sexual no mundo, mas, cara leitora, você há de convir que esse papo paranoico de “ideologia sexista” já encheu o saco, não? Imagine só, você, entre duas taças de vinho, exigir “um sexo sem ideologia”! Vai acabar vendo no Discovery Channel a vida sexual dos ursos em vez de viver a sua.

Essa foto revela uma tendência comum nas últimas décadas, que é a demonização do macho tal como prega a crítica do sexismo, tão afeita às mais chatinhas. Para essa crítica, a sexualidade é socialmente construída e não tem base biológica, e, nesse “socialmente” , estaria a essência ideológica do sexo heterossexual que é o “poder do macho sobre a mulher”. Logo, mulheres fazem sexo com homens porque são vítimas do poder masculino.

Calma, cara leitora, eu sei que você está rindo aí, entre uma mordidinha e outra do seu pão integral com geleia natural light, consciente do seu poder pleno sobre aquele que lhe deseja.

A intenção da crítica ao sexismo seria produzir “sexo cidadão” (que horror!) ou sexo socialmente saudável. Ou seria, talvez, “sexo consciente”, cujo oposto, “sexo inconsciente” , seria sonambulismo sexual? Não existe sexo saudável, todo sexo, para ser bom, tem que ser meio doente, escondido, miserável, maldito, sujo. Não existe sexo “livre”. A tal revolução sexual é puro marketing de comportamento. Camas vazias de desejo e cheias de palavras vãs, cercadas por fotos do Foucault. Meus avós transavam melhor.

Nudez sem castigo não dá tesão, por isso, toda nudez tem que ser castigada. Um dos maiores afrodisíacos da história é a relação entre sexo, pecado, medo e poder. A fronteira entre o bem e o mal na cama é sutil demais pra quem crê nesse negócio de “sexismo”.

Essa foto é um exemplo da lástima que é a politização da sexualidade, a serviço das agendas de grupos militantes da sociedade que só atrapalham (de propósito) a já conturbada vida contemporânea entre homens e mulheres.

2 comentários:

Instagram @sahgomes369 disse...

Belíssima postagem.
Parabéns!

flávia disse...

ótimo, não é?