quarta-feira, 26 de maio de 2010

Mundo Cão , a revanche

Menino de 2 anos fuma 40 cigarros por dia na Indonésia, diz família

Aldi tem o hábito desde os 18 meses e fica furioso quando é privado dele.
Autoridades ofereceram prêmio se ele parasse, mas pai não vê problema.

 

Problema? Que problema?

Problema tenho eu, já que ninguém me ofereceu carro nenhum quando parei de fumar!

Afffffffffff

Vou escrever pro Mula Lula exigindo meu zero km!

Pondé...24/05

 OS OLHOS DO MACACO

VOCÊ JÁ OLHOU nos olhos de um chimpanzé? Da próxima que for a um zoológico, faça isso. Você perceberá que ali existe uma alma presa como a sua. Seus olhos carregam um misto de espanto e tristeza que só humanos conhecem, que parece brotar de excesso de sensibilidade.
Sim, simpatizo com o darwinismo. Mas nem por isso sou ateu. Tampouco tem razão o grande filósofo Daniel Dennett, cujos livros devoro e a quem admiro na sua luta para combater a velha covardia humana travestida de fé, quando supõe que qualquer relação entre darwinismo e tradição monoteísta ocidental implica medo do ateísmo.
Não tento “casar” o darwinismo com qualquer “prova” da existência de Deus. Provar a existência de Deus me dá sono, nem acho possível prová- la. Como não levo a razão tão a sério, não temo suas incoerências.
Pelo contrário, minha simpatia está sempre contra as certezas da razão. Penso, sim, que não há nenhuma grande coerência na vida, nem uma narrativa única. Uma vida dilacerada entre narrativas contrárias me parece sempre mais sólida.
O conforto da certeza me entedia. Sou da velha escola: o sofrimento é que molda o caráter.
O darwinismo me comove, assim como Shakespeare. Quando ouço Macbeth dizer “a vida é um conto narrado por um idiota, cheio de som e fúria, significando nada”, eu penso na luta cega de nossos ancestrais cuja humanidade foi cozida em sangue. E isso me comove.
Converti-me ao darwinismo desde criança, ao ver aqueles desenhos nos quais imagens de hominídeos vão paulatinamente virando imagens de homens.
Mais tarde, quando não era não mais criança, convenci-me da verdade do darwinismo quando me vi diante das análises do comportamento humano produzidas pela psicologia evolucionista.
Não creio nas teorias que afirmam a construção social dos comportamentos, apesar de que algum grau de influência social em nosso comportamento obviamente existe.
Prefiro a ideia de comportamento como destino, maldição. Mas minha relação com o darwinismo sempre foi mais estética do que um mero convencimento racional.
O que primeiro me cativou no darwinismo foi a descrição da origem do ser humano como uma saga contra um meio ambiente terrível e contra os horrores de nossa própria “alma” pré-humana.
A solidão dos nossos ancestrais combatendo os elementos externos e internos me parece uma ode à beleza humana, arrancada da indiferença das pedras.
A escuridão e a solidão do universo me encantam. Pensar que homens e mulheres são areia que um dia tomou consciência de si mesma e de sua solidão me parece um épico que canta nossa dignidade visceral.
A dignidade que só cabe aos desgraçados. Reconheço essa dignidade nos olhos do macaco: a dignidade da testemunha assombrada.
O horror de nosso passado, para mim, sempre foi motivo de orgulho. Sim, vejo o darwinismo como um drama cósmico do qual temos o privilégio de ser testemunhas assombradas. Sim, repito, a humanidade dos humanos foi cozida em sangue, uma pérola numa imensa massa cega de matéria.
Os ateus não deixam de ter razão quando apontam o pânico que muitas pessoas têm diante de descrições da vida como a darwinista. O filósofo Nietzsche (século 19) chama esse pânico de ressentimento. Daí nasceriam as bobagens platônicas e cristãs acerca de um outro mundo onde não haveria sofrimento.
Mas o ressentimento de gente como Platão ou cristãos não é nada se comparado ao ridículo de algumas crenças atuais, mas que respondem ao mesmo pânico.
Por exemplo, pensemos na crença em “energias”. Que os deuses me protejam de cair um dia no ridículo de “acreditar em energias”. Odeio a palavra “energia”. Energia isso, energia aquilo, hoje em dia qualquer um usa a palavra “energia” para seus delírios religiosos de consumo.
Digo sempre: quer uma religião? Procure uma de, no mínimo mil anos de existência, e preferivelmente que não tenha passado pela Califórnia ou pela física quântica.
Seu sofá está sobre um cano de água? Humm, más energias. Você tem um câncer? Precisa “limpar” as más energias. O tratamento energético não te curou? Ahhh, você não estava preparado, precisa abrir sua mente. Ovos têm energia, alfaces têm energia, o azul da parede tem energia. As energias vão resolver o conflito israelo-palestino. As energias vão parar teu envelhecimento.