sábado, 16 de setembro de 2006

Milágrimas

Ontem fui assitir ao espetáculo de dança Milágrimas do famoso coreógrafo Ivaldo Bertazzo no Sesc. Trata-se de um trabalho com 41 jovens da periferia de São Paulo, mixando dança e canto brasileiros e africanos, mais precisamente o canto capella sul-africano.
Foi de arrepiar.
Na trilha escolhida pelo pianista Benjamin Taubkin estão músicas de Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho e claro, a música-título de Itamar Assumpção e Alice Ruiz, Milágrimas:


Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido, Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos, Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre
Caso de tristeza vire a mesa

Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena, Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura, Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal, Chorar for inevitável

Sinta o gosto do sal do sal do sal, Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma, Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre

Belo poema, bela múscica, belo espetáculo.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Morte em Veneza

Estou voltando às origens, tentando ler alguns clássicos e retomei por "Morte em Veneza", de Thomas Mann. Confesso que o filme me decepcionou um pouco, muito lento, cansativo mas como tudo que Visconti faz, é belo. E não era pra menos, já que o livro é de uma descrição perfeita sobre e para a beleza e o Belo.
Sem dúvida esse é um dos mais belos livros que li. Um tanto quanto descritivo demais para meu pobre gosto, mas ainda assim é fantástico.

Em alguns momentos me senti como possível co-autora de algumas passagens [conforme o meu ânimo de ontem].

"(...) esta saudade para a distância, para a novidade, esta ânsia por libertação, exoneração e esquecimento - a pressão de se afastar da obra, do sítio cotidiano de um serviço rígido, frio e apaixonar-se. "

O vislumbre diante da juventude e da inevitável morte.


Cena do filme de Visconti. O efêmero e o etéreo unidos pelo Belo.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

O ser e o nada

Não tenho mais vontade de fazer nada, nem de escrever, nem de ler, nem nada. Fase.

Vai passar.

Meus últimos planos foram todos frustrados. Mais um funeral pra completar 3 em menos de 2 meses. Faço coisas que não gosto. Penso em pessoas que não estão ao meu lado (nesse momento, mas um dia já estiveram). Sinto uma saudade aguda de algo que não sei exatamente o quê.

Tomara que passe logo.

Sem perspectiva, sem dinheiro, sem emprego. Claro, tenho amigos, família, uma gata siamesa, alguns filmes que podem me salvar numa noite vazia. Livros, muitos, mas não consigo ler nada. Não agora. Quem sabe quando?

Será que já passou?

1 música: Lover, you shold have come over - Jeff Buckley

domingo, 10 de setembro de 2006

O maior amor do mundo


O maior amor do mundo. Cacá Diegues, 2006, Brasil.

Depois de ver a este filme hoje fiquei imaginando o porquê de fazer filmes que pontuem alguns períodos do país. É importante no fim das contas ter pelo menos algumas impressões da época registradas pelo cinema, nem que sejam - como sempre são - tendenciosas. Seja pra criticar ou apoiar determinada situação. Esse filme trata de nossa época, sem dúvida, tendo como pano de fundo (bem de fundo e bem rapidamente) a ditadura militar.
Mas no fim a história trata mesmo é de amor. E o maior amor do mundo. Podem imaginar qual seria o maior amor do mundo? Eu sei.

Quando vou ao cinema

Quando vou ao cinema pode acontecer de tudo, é um mistério. Mas na maioria das vezes vou porquê tenho uma necessidade absurda de ir, necessidade mesmo, além do desejo. E na maioria das vezes saio da sala muito bem e uma das razões é por não ver qualquer porcaria que passa por lá. Mas enfim, dizem que uma das funções do cinema (se é que precisa existir alguma função) é a de abstração do mundo real. Por conta disso muita gente não gosta quando o filme trata da "realidade" ou coisas que assemelhem ao cotidiano das e preferem se derreter com uma comédia romântica ou coisa parecida. Não desmereço esse tom, já que o cinema tem esse dom de nos levar ao mundo onírico e (mais que) perfeito.
Ainda assim não é somente por isso que amo o cinema. Amo porquê amo. Ponto. Independente se me leva longe da realidade ou se me aprofunda na mesma. Cinema é lúdico por natureza. Ou não (se lembrarmos que a primeira projeção da história foi a de um trem a toda velocidade) . Mas pouco importa. O que importa realmente é se o que está sendo visto vai fazer diferença pra você. Nada pior que um filme "mais ou menos", que seja ao menos "horrível". Sair do cinema da mesma forma como se entrou é para mim, no mínimo, tedioso, perda de dinheiro e de tempo.
Por isso, quando assisto a um bom filme quase sempre saio em silêncio do cinema. Por vezes extasiada, por vezes pensativa, outras vezes indignada, mas quase sempre em silêncio.
Esses e alguns outros motivos que me fazem e farão sempre amar estar numa sala escura com apenas uma única luz a indicar o caminho.

music: almost blue - elvis costello & chet baker