sábado, 22 de janeiro de 2011

Caramelo

Sukkar Banat, 2007, Nadine Labaki

Filme franco-libanês delicioso. A história gira em torno de 6 mulheres que trabalham num salão de beleza em Beirute, cada qual com sua história e peculiaridade. Sutil e engraçado, toca em assuntos como a cultura religiosa daquele lugar - entre muçulmanos e católicos - e o cotidiano das famílias, como casamento, amor e é claro, a beleza feminina.
E por falar em beleza, a protagonista do filme (a linda atriz e diretora Nadine Labaki) é uma depiladora. Mas diferente daqui do Brasil, que se utiliza cera ou mel, lá o serviço é feito com caramelo (açucar em ponto de fio). Delicioso.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tears for fears



Esqueça esse clipe horrendo, as roupas de mauricinho, o corte de cabelo xitãozinho e ouça a música.
Adoro.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Trilha de hoje



Teachers - Leonard Cohen


I met a woman long ago
her hair the black that black can go,
Are you a teacher of the heart?
Soft she answered no.
I met a girl across the sea,
her hair the gold that gold can be,
Are you a teacher of the heart?
Yes, but not for thee.

I met a man who lost his mind
in some lost place I had to find,
follow me the wise man said,
but he walked behind.

I walked into a hospital
where none was sick and none was well,
when at night the nurses left
I could not walk at all.

Morning came and then came noon,
dinner time a scalpel blade
lay beside my silver spoon.

Some girls wander by mistake
into the mess that scalpels make.
Are you the teachers of my heart?
We teach old hearts to break.

One morning I woke up alone,
the hospital and the nurses gone.
Have I carved enough my Lord?
Child, you are a bone.

I ate and ate and ate,
no I did not miss a plate, well
How much do these suppers cost?
We'll take it out in hate.

I spent my hatred everyplace,
on every work on every face,
someone gave me wishes
and I wished for an embrace.

Several girls embraced me, then
I was embraced by men,
Is my passion perfect?
No, do it once again.

I was handsome I was strong,
I knew the words of every song.
Did my singing please you?
No, the words you sang were wrong.

Who is it whom I address,
who takes down what I confess?
Are you the teachers of my heart?
We teach old hearts to rest.

Oh teachers are my lessons done?
I cannot do another one.
They laughed and laughed and said, Well child,
are your lessons done?
are your lessons done?
are your lessons done?






Mon Petit Vieux - Camille

C'est lui sur le banc de square
C'est mon ami, mon amoureux
Et ça fait rire les pigeons
Parce que c'est un petit vieux

Nos rendez-vous c'est pas comme dans les films
Je cours vers lui il reste assis
Un jour il m'a même dit:
Tu es la femme du reste de ma vie
Les gens croient qu'il ne me touche pas

Mais il me touche, mon petit vieux
C'est beau ses rides autour des yeux

Des fois quand il est tard
Y'a ses potes qui l'attendent au bar
Une bière
Deux bières

Et il me parle pendant des heures
Des vies qu'il a perdues de vue
Lui au moins il n'a rien à perdre
Alors que moi je n'ai rien vu
Les gens croient qu'il ne me touche pas

Mais il me touche, mon petit vieux
C'est beau ses rides autour des yeux

Un jour on est allé danser
C'était ni techno ni reggae
Il m'a pris doucement la taille
Et j'ai senti sa main trembler

Y'avait des lumières chaudes et claires
J'entendais le bruit de ses pas
Et tout à coup j'me suis sentie
Tout près de l'au-delà
Les gens croient qu'il ne me touche pas

Mais il me touche, mon petit vieux
C'est beau ses rides autour des yeux
Mais il me touche, mon petit vieux
C'est beau ses rides autour des yeux
On dirait l'ombre des arbres sur le ciel
Bleu, bleu, bleu

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ALÉM DA VIDA - Pondé


VOCÊ ACREDITA em vida após a morte? Eu não tenho opinião formada, por duas razões. Primeiro, porque se trata de uma questão sem resposta científica, mesmo que a sensibilidade espírita insista que “espiritismo é uma ciência”. Bobagem, não há nada de científico no espiritismo.
Quando era adolescente, eu fazia a brincadeira do copo (fazer o copo “andar” e responder questões “soletrando” as palavras a partir de letras escritas sobre a mesa). Nunca funcionou comigo, mas sempre deu certo para pegar meninas assustadas. Corriam para nossos braços na velocidade da luz. Que delícia!
Pânico natural nas mulheres é um belo acessório de beleza e altamente afrodisíaco. Como saia curta e camisetas brancas molhadas. Certa feita, eu peguei uma menina assaz difícil no cinema graças ao bom “Tubarão”.
Por outro lado, materialistas não têm tampouco uma resposta negativa definitiva para a questão da vida após a morte.
Minha segunda razão é mais blasé: nunca penso no assunto. Não me preocupo com a imortalidade da alma. O “sobrenatural” não me interessa nem um pouco. Mas o tema é filosoficamente significativo porque as pessoas, por milhares de anos, têm se perguntado: “O que existe além da vida?”
O novo filme de Clint Eastwood, “Além da vida” (trailer aqui), trata desse tema de forma magistral. Mas não esqueçamos: trata-se de um Clint Eastwood. Isso significa o seguinte: um pano de fundo trágico permeado pelo problema da coragem versus a covardia diante do sofrimento humano.
Quando falo em “pano de fundo trágico”, refiro-me a uma visão de mundo na qual a vida não tem nenhum sentido último aparente e, portanto, seus heróis se movimentam numa falta absoluta de sentido, numa espécie de escuridão moral.
O homem faz o que pode diante da opacidade de um mundo que lhe é, ao final, sempre hostil. O que encanta Clint Eastwood é a coragem diante de um mundo agônico, como todo autor que se move numa atmosfera trágica.
Existem duas virtudes básicas na tragédia: a coragem e a piedade (aos ateus alegrinhos: não confundir piedade com pieguice). Essa piedade é marcada pelo “páthos” que podemos sentir diante de nossos semelhantes torturados por um combate sem fim contra nossa agonia (“agon”, em grego antigo, pode ser traduzido por “conflito”).
Além da vida” não é um filme espírita. Não é uma historinha sobre um médium que fica falando com mortos ou escrevendo cartas psicografadas cheias de obviedades.
O filme tem dois heróis e uma heroína. Um deles é um médium que vê nesse “dom” uma maldição, fruto de um erro médico que o destrói (não consegue ter vida profissional ou afetiva). O outro é um menino que perde um ente querido e fica desesperado procurando alguém que “diga” ao morto que ele sente saudade e que não sabe viver sem ele.
E a heroína é uma jornalista famosa, doce e generosa, que tem uma experiência de “quase morte” como vítima de um tsunami. Ela ficará obcecada por procurar respostas para o que sentiu, levando sua vida pessoal e profissional à beira do abismo.
Os mortos no filme não são esses seres falsamente poderosos que fingem poder “fazer nossa vida dar certo”, como é o caso da farta “economia do além da vida” que se aproveita de nossa agonia.
A vida após a morte (vista como uma possibilidade séria no filme) pode ser apenas “mais do mesmo”. À diferença da cambada de picaretas que o menino encontra em seu caminho (essa turba que vive de enganar as pessoas falando coisas como “sua vida vai mudar se você fizer X” ou “estou bem, mamãe”), o filme eleva essa angústia ao seu sentido trágico piedoso: somos quase sempre egoístas e covardes e poucos são corajosos e generosos, mesmo em se tratando do “além da vida”.
Saber (de fato) que existe vida além da morte pode ser um ônus terrível. Conseguir falar com um ente querido morto pode custar sua sanidade. Seguir seu desejo até o fim pode te destruir. Continuamos na escuridão. Só a rara beleza da coragem e da generosidade ilumina.
Para Clint Eastwood, devemos sempre nos ajoelhar diante desta rara forma de beleza.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ainda algumas fotos dessa época da pós:

 A exposição "Umbigo do Mundo"


 Fernando ao centro, sentado.


Michela, Roger, eu , Cassi e Laila no Bar do Jaime: a melhor feijoada de Londrina!

Nostalgia

Revirando minhas coisas da pós em História da Arte descobri alguns tesouros.

Encontrei textos que nem me lembrava de ter lido e de outros que nunca sairam de mim (como o incompreensível "Teia da Vida", de F. Capra).

Sou nostálgica por natureza. Não poderia ser de outra forma. Sou exatamente o que deveria ser: uma pessoa que vive de histórias (algumas guardadas no baú da memória e outras muito bem esquecidas no porão).

Deu muita saudade. Dos amigos, dos professores, das aulas.

De algumas aulas me lembro exatamente como era: em uma delas o Fernando, professor de semiótica e fotografia, nos fez mudar os nomes e conceitos das coisas para explicar a semiótica. Ainda não entendo bem o que é mas a aula ficou gravada. Sem contar na "meditação" que ele aplicava todo começo de aula. Eu, muito irriquieta, não conseguia ficar os minutos em silêncio. Ele ria. Ria da minha postura em colocar os pés sobre a carteira. Fez uma linda exposição de fotos chamada "O umbigo do mundo". Claro que eu e meu umbigo estávamos lá também.
Outra aula inesquecível era a da Almerinda. Doutora em arte brasileira. Ela não se utilizava de texto de apoio, papel algum. Contava tudo de cabeça. Virei fã.
E tinha também o português Olympio, um doce de professor. Falava sobre as poéticas digitais, de uma sabedoria invejante. Mora no meu coração.
E claro, a minha orientadora na época, Marta Dantas. Linda, artística. Foi realmente um prazer.

Dos amigos restam as lembranças, alguns sumiram (Augusto, Jeferson, Michela, Alethea, Carlos, Ana), outros continuam em contato virtual (Roger, Lú, Lisa, Cassi, Juliana, Agda). Thank u, facebook!

Mas o que me impressionou foi achar um bilhete escrito à mão e caneta bic preta entre os textos de fotografia, imagem e semiótica, dizendo o seguinte:

"Frase da camiseta de Flávia: 
O dragão chinês-psicodélico bafora um hálito surreal - fogo de novas significações".

Não consigo entender a assinatura do bilhete e lembro vagamente do dia em que o recebi.

Por momentos como esse que continuo a gostar cada vez mais do que faço: recolher e guardar histórias.