sexta-feira, 4 de março de 2011

As mudanças dos anos 70/80 para os dias de hoje:



Antes era: Agora é:
creme rinse
condicionador
obrigado
valeu
é complicado
é foda
collant
body
rouge
blush
ancião e coroa
véio
bailinho e discoteca
balada
japona
jaqueta
nos bastidores
making off
cafona
brega
programa de entrevistas
talk-show
reclame
propaganda
calça cocota
calça cintura baixa
flertar, paquerar
dar mole
oi, olá, como vai?
e aê?
cópia, imitação
genérico
curtir, zoar
causar
mamãe, posso ir?
véiaaaa, fui!!!
legal, bacana
manero, irado
mulher de vida fácil
garota de programa
legal o negócio
xapado o bagúio
pasta de dente
creme dental
cansaço
estresse
desculpe
foi mal
oi, tudo bem?
e aê, belê?
ficou chateada
ficou bolada
médico de senhoras
ginéco
superlegal
irado
primário e ginásio
ensino fundamental
preste atenção!
se liga!
por favor
quebra essa
recreio
intervalo
radinho de pilhas
ipod
manequim
modelo e atriz
retrato
foto
jardineira
macacão
mentira
kaô
saquei
tô ligado
entendeu?
copiou?
gafe
mico
fofoca, ti-ti-ti
babado
ha ha ha
uhauhauhauha
fotocópia
Xerox
brilho labial
gloss
bola ao cesto
basquete
folhinha
calendário
empregada doméstica
secretária
faxineira
diarista
vou verificar
vou estar verificando
madureza
supletivo
vidro fumê
insulfilm
posso te ligar?
posso te add?
tingir uma roupa
customizar
dar no pé, ir embora
vazar
embrulho
pacote
lycra
stretch
tristeza
deprê
beque
zagueiro
rádio patrulha
viatura
atlético
sarado
peituda
siliconada
professor de ginástica
personal
quadro negro
board
babosa
aloe vera
lepra
hanseníase
Ave Maria!!!                                 
Afffff!!                       
caramba
caraca
namoro
pegação
laquê
spray
rugas
marcas de expressão
de montão
pracarai!
derrame
AVC
chapa dos pulmões
raio-x
sua bênção, papai
"qualé", coroa?
você tem certeza?
ah! fala sério!
banha
gordura localizada
alisamento
chapinha
buteco no fim do expediente
happy hour
costureira
estilista
negro
afro-descendente
professora
tia, profe
senhor
tiozinho
bunduda
popozuda!
Amorrrrrrr!
Benhhêêêêê!
desculpe, mas esta questão que você me submeteu é impossível de cumprir!
nem fudendo!
olha o barulho!                            
ó o auê aí ô!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Cineminha


 Biutiful
2010
Alejandro Gonzales Iñárritu

Gosto bastante dos filmes de Iñárritu e este não fica atrás.
O filme é dotado de uma dramaticidade bem característica desse diretor (como em Amores Brutos e 21 Gramas), além do tema recorrente que é a multiplicidade "étnica": Iñárritu sempre trabalha com mais de uma nacionalidade em seus filmes e desta vez o pano de fundo é mais claro que nunca.



127 Horas
2010
Danny Boyle

Agonizador. 
A história é verídica: um rapaz fica preso pelo braço numa fenda de um canion norte-americano e tudo que precisa fazer, depois que acabaram, água e comida, é cortar fora o que o mantém preso. O braço, sim, o braço.
Existem traços da estética de Boyle (câmera rápida, flash). E, afinal, era necessário preencher o filme com algo além de uma pessoa que chega às últimas consequências para sobreviver.
Ainda prefiro Trainspotting.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A GANÂNCIA DA HONRA - Pondé

QUE DEUS me proteja de cair na tentação da ganância da honra. Aristóteles já dizia que a honra é uma virtude pública sedutora, mas impossível para quem a busca por si mesmo.
Sobre isso, revi o grande filme de Stanley KubrickGlória Feita de Sangue” (1957). Outro filme que recomendo é “A Cruz de Ferro” (1977), de Sam Peckinpah. Ambos tratam da relação entre elite (oficiais) e plebe (soldado) — Kubrick na Primeira Guerra Mundial, exército francês nas trincheiras; Peckinpah na Segunda Guerra, força armada alemã na frente russa.
No primeiro filme, o herói, o coronel Dax (Kirk Douglas), membro da elite francesa, se vê diante de uma trama na qual três de seus soldados são condenados injustamente à corte marcial e ao fuzilamento. São acusados de covardia quando a missão para a qual tinham sido mandados era impossível. Não foram covardes, ficaram detidos pelas condições insuperáveis da batalha. Mas a hierarquia queria mesmo era o sangue “do gado” para animar a moral das tropas, mostrando o valor da disciplina. O desprezo do coronel Dax pela elite do Exército é evidente, apesar de ser parte dela. O general em comando apenas queria uma promoção. Segundo o general, o “povo francês” clamava pela sua dignidade, que deveria ser honrada com o sangue dos “covardes”. “Povo francês” aqui nada mais é do que a retórica da opinião pública como instrumento de pressão. Confiar no “povo francês”, como em sua elite, soará ridículo neste cenário.
No segundo filme, o herói, cabo Steiner (James Coburn), vindo da plebe, ganha várias cruzes de ferro por coragem sem dar valor a nenhuma delas (“só um pedaço de metal”), enquanto um capitão de família nobre prussiana, Stransky (Maximilian Schell), um covarde oportunista, cria situações para ganhar a cruz de ferro sem correr riscos. O desprezo do cabo Steiner pela elite é também evidente, mas não é membro dela.
Em ambos os filmes, lembramos da tese do escritor russo Tolstói (em “Guerra e Paz“) sobre guerras e batalhas (que fala da vida como um todo): um caos sem ordem, sem sentido, violência gratuita, a partir do qual, após a batalha, “reconstruímos o sentido” a fim de satisfazer qualquer ponto de vista, e, assim, contarmos “a” história. Nutro profunda simpatia por esta teoria da história de Tolstói.
Os filmes seguem cursos diferentes. De certa forma, o filme de Kubrick vai mais longe do que o de Peckinpah na crítica ao modo como o mundo se organiza (sendo a guerra e o Exército em ambos apenas o cenário ideal para demonstrar suas teses). Enquanto em “Cruz de Ferro” a coragem tem seu lugar (a medalha, apesar de o corajoso não dar valor a ela), em “Glória Feita de Sangue” a coragem é “invisível” para a hierarquia, que trata o herói Dax como um bobo idealista.
Onde está a coragem neste caso? Está na recusa do herói Dax da promoção que receberia como forma de acomodação ao status quo.
No filme de Peckinpah, ao final, Steiner arrasta o oportunista Stransky para o campo de batalha (já arrasado pelos russos), dizendo: “Vou mostrar a você onde crescem as cruzes de ferro” (isto é, diante do inimigo). Já no filme de Kubrick não há espaço para essa ode última à coragem nas guerras, mas sim algo mais sutil: Dax, observando seus soldados à distância, quando urram num bar diante de uma “cantora” alemã (prisioneira de guerra), percebe como, de uma horda de bárbaros, eles passam à condição de homens tocados pela fragilidade da moça e pela beleza da música que ela canta, em meio às suas lágrimas de medo. Um dos maiores momentos do cinema.
Em ambos, vemos a ruína da ordem do mundo e seus mecanismos de produção da honra (representados pela hierarquia do Exército e seus sistemas oficiais de reconhecimento da coragem e da covardia). Neste campo devastado, sobra a coragem de um homem solitário (Steiner) e a capacidade de um idealista aristocrático (Dax) de perceber um instante efêmero no qual feras se tornam homens. Ambos impermeáveis à ganância das honras.
Pouco importa a classe social — o que conta, ao final, é a virtude de cada um como modo de ação num mundo sem honra.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .