QUER CONHECER um pouco sobre a África? Leia V. S. Naipaul. Recomendo.
Aliás, o Nobel recomenda. Mas Nobel não basta. Saramago foi Nobel e
sempre o achei um chato. Seu livro sobre Caim é um desfile de bobagens e
desinformações sobre a Bíblia. Qualquer um que conheça um pouco desse
clássico da literatura hebraica antiga perceberá que Saramago não
entendia nada sobre o assunto.
Leia "A Máscara da África - Vislumbres das Crenças Africanas", publicado
no Brasil pela Companhia das Letras. O livro traz a narrativa da
recente visita de Naipaul a alguns países da África. O resultado é um
jornalismo sofisticado em detalhes e reflexivo tanto na forma quanto no
conteúdo.
O intrigante, hoje em dia, é que muito "inteligentinho" acha que
combater o preconceito é inventar mitos de bondade e pureza sobre o
"outro". Naipaul é um antídoto contra essa doença infantil.
Aliás,
algo que surpreende Naipaul com relação à África é o fato de que muitos
povos de lá não tinham alcançado a escrita antes de entrar em contato
com muçulmanos e cristãos (ou seja, "ontem"), quase todo seu passado é
mito e quase nada é história. É mais ou menos como viver em delírio
constante quanto ao seu passado, sem saber o que de fato foi real e o
que foi apenas devaneio.
É comum tratar Naipaul como "eurocêntrico", o que, por si só, já é uma
boa recomendação, pois significa que a moçada politicamente correta, que
exerce essa censura sem caráter, não gosta dele.
Não há nada no
livro que nos remeta a "preconceitos", mas há, sim, muita coisa que
revela a tristeza que ainda assola a África e que sempre existiu, mesmo
antes dos absurdos que os brancos fizeram por lá. A grande mentira sobre
a África é que os brancos tornaram-na violenta, pobre e infeliz. Não,
ela é assim há muito tempo. Mas os europeus tampouco ajudaram.
Hoje em dia, é comum obrigar alunos a estudar a história da África.
Pergunto-me como isso é feito. Temo que a África seja compreendida como
um doce de coco que só não é melhor por culpa dos malvados brancos.
Não,
todos os homens são maus, pouco importam cor, sexo, raça ou crença.
Alguns poucos se destacam pelo bem. É verdade que esgotos, estradas e a
recusa embutida nos sacrifícios humanos ajudem um pouco a você deixar de
ser um bárbaro.
O livro de Naipaul dá atenção especial às crenças africanas. A catequese
cristã e a islâmica destruíram o tecido das crenças ancestrais de
muitos africanos, os deixando nem lá nem cá.
Por exemplo, queimar pessoas vivas foi um hábito dos povos africanos até "ontem". Ou melhor dizendo, até "hoje".
Matar, despedaçar, cortar órgãos e queimar pessoas por razões religiosas
(e outras) sempre foi uma prática comum entre povos de Uganda, por
exemplo. Em grandes quantidades.
Sim, eu sei que europeus também
fizeram isso. Lembra o que eu disse acima sobre os homens serem maus?
Mas a questão aqui não é essa, mas, sim, combater o "preconceito" de que
a miséria material e moral africanas tenham sido criadas pelos
europeus.
O encontro de culturas que não conheciam a roda até "ontem" (é isso
aí...) com os colonizadores europeus (que nunca tiveram nada de
bonzinhos) criou países à deriva.
Exemplos de tragédias cotidianas entre populações pobres numa mesma edição de um jornal ugandense:
1 - "Homem queima dez pessoas numa cabana". Um homem briga com sua
mulher, joga gasolina e toca fogo. Entre as dez pessoas, sete eram
crianças.
2 - "Meu marido foi cortado em pedaços com um machado na
minha frente". Além de matar o marido, o assassino cortou uma mão da
mulher; enquanto despedaçava a vítima, acusava-a de poligamia, daí a
suspeita de que algo de cristianismo x "paganismo" estava em jogo na
"disputa".
3 - "Acusada de queimar filho vivo". Esse parece ser um gosto da
"cultura ugandense" mais "primitiva": queimar gente viva; o filho de 18
meses estava num saco com as pernas atadas.
Fora as manchetes, a
bruxaria é comum até hoje. Diretores de escolas podem ser mortos por
serem acusados de bruxaria e irmãos podem matar sua tia de 42 anos, além
de arrancar sua mandíbula e sua língua com o intuito de fazer mágica.
Até hoje, a bruxaria é "oficial" em muitos lugares da África.
Puro neolítico?
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
Lars Von Trier
das páginas amarelas da Veja:
Qual será seu próximo filme?
Vai se chamar Ninfomaníaca.
E do que se trata?
De uma nifomaníaca, ora, e de sua trajetória erótica. Prevejo que mulheres de todos os cantos do mundo vão querer me estrangular.
Hahahaha. Ei ri alto. Gosto cada vez mais de von Trier.
Qual será seu próximo filme?
Vai se chamar Ninfomaníaca.
E do que se trata?
De uma nifomaníaca, ora, e de sua trajetória erótica. Prevejo que mulheres de todos os cantos do mundo vão querer me estrangular.
Hahahaha. Ei ri alto. Gosto cada vez mais de von Trier.
Exit Through the Gift Shop
Falar de arte não é uma tarefa simples.
Dar aula sobre isso então...é árduo (apesar de prazeiroso também).
A arte não está na ordem do dia - aliás, nunca esteve. Quando o aluno gosta, não há problema. O difícil é mostrar o sublime para aqueles que se interessam apenas por números ou cifras ($$$).
E foi então que me deparei com o documentário Exit Through the Gift Shop. Na verdade, quando o filme foi lançado e participou do Oscar dete ano, fiquei extremamente empolgada pois sempre gostei muito da arte de Banksy, mas pouco sabia sobre ele. Imaginei que ao assisitir esse filme conheceria mais sobre a arte/vida desse artista que não mostra o rosto jamais.
Puro engano.
Aquilo que começa como um documentário sobre a vida de Banksy se trasnforma num filme feito por Banksy sobre o cara que iria filmá-lo. Inesperado. Mais inesperado ainda é o rumo final do filme, que não vou revelar.
Mas o que seria uma discussão sobre arte de rua se transformou numa discussão sobre o que é arte e como chegamos a valorá-la (existe esse termo?) nas grandes galerias do mundo.
E assim volto à questão inicial: não há como obrigar ninguém a gostar de arte ou fazer com que entendam a importância dela para a vida se tornar suportável. Isso é uma descoberta individual.
Mas uma coisa o filme torna verdadeira: quem gosta de cifras ($$$) também pode gostar de arte, rs.
P.s.: o título já explica tudo.
Dar aula sobre isso então...é árduo (apesar de prazeiroso também).
A arte não está na ordem do dia - aliás, nunca esteve. Quando o aluno gosta, não há problema. O difícil é mostrar o sublime para aqueles que se interessam apenas por números ou cifras ($$$).
E foi então que me deparei com o documentário Exit Through the Gift Shop. Na verdade, quando o filme foi lançado e participou do Oscar dete ano, fiquei extremamente empolgada pois sempre gostei muito da arte de Banksy, mas pouco sabia sobre ele. Imaginei que ao assisitir esse filme conheceria mais sobre a arte/vida desse artista que não mostra o rosto jamais.
Puro engano.
Aquilo que começa como um documentário sobre a vida de Banksy se trasnforma num filme feito por Banksy sobre o cara que iria filmá-lo. Inesperado. Mais inesperado ainda é o rumo final do filme, que não vou revelar.
Mas o que seria uma discussão sobre arte de rua se transformou numa discussão sobre o que é arte e como chegamos a valorá-la (existe esse termo?) nas grandes galerias do mundo.
E assim volto à questão inicial: não há como obrigar ninguém a gostar de arte ou fazer com que entendam a importância dela para a vida se tornar suportável. Isso é uma descoberta individual.
Mas uma coisa o filme torna verdadeira: quem gosta de cifras ($$$) também pode gostar de arte, rs.
P.s.: o título já explica tudo.
Meia-Noite em Paris
Quando fui assistir a este filme não havia lido nada sobre, críticas ou resenhas, e tinha apenas em mente que deveria vê-lo por ser o último filme de Woody Allen. E isso já me bastava.
Minha surpresa foi tão agradável, tão imensa e deliciosa que jurei a mim mesma nunca mais ler sobre os filmes que desejo assistir, unicamente para ter o prazer da surpresa, o deleite da novidade e a exclusividade da primeira vez.
E assim foi com Meia-noite em Paris: o filme mais delicioso de todos os tempos, a história que eu gostaria de ter vivido ou ao menos escrito e filmado.
O sorriso que ficou estampado em meu rosto durante os 100 minutos de filme diz muito mais que críticas, resenhas e resumos.
Como já ouvi ou li por aí: obrigada, Woody Allen, por tornar meus sonhos realidade!
Minha surpresa foi tão agradável, tão imensa e deliciosa que jurei a mim mesma nunca mais ler sobre os filmes que desejo assistir, unicamente para ter o prazer da surpresa, o deleite da novidade e a exclusividade da primeira vez.
E assim foi com Meia-noite em Paris: o filme mais delicioso de todos os tempos, a história que eu gostaria de ter vivido ou ao menos escrito e filmado.
O sorriso que ficou estampado em meu rosto durante os 100 minutos de filme diz muito mais que críticas, resenhas e resumos.
Como já ouvi ou li por aí: obrigada, Woody Allen, por tornar meus sonhos realidade!
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