Outro dia duas amigas, mulheres bonitas e jovens, emancipadas, se
lamentavam porque os homens de hoje não abrem portas, não deixam as
mulheres se sentarem, não pagam a conta, enfim, não são cavalheiros.
Claro, nem elas, nem eu assumimos que isso seja uma queixa nova na velha lista de queixas devido à emancipação feminina.
Mas
nem tudo são perdas na emancipação feminina, só um ignorante ou um
mau-caráter diria uma coisa dessas. Para usar uma expressão do mundo dos
recursos humanos em finais de semana de treinamento para motivação
(nada mais brega no mundo do que workshops de motivação, não?), a
emancipação feminina, como tudo mais, tem seu "lado mais" e seu "lado
menos".
Disse a elas o óbvio: "Mas, para receber esse tratamento, vocês têm de obedecer, meninas!". Rimos muito com isso.
Claro
que, antes que algum inteligentinho berre dizendo que esta é uma
observação machista, a expressão "obedecer" aqui nada tem a ver com
"Amélia traga minha cerveja já".
A expressão "obedecer" aqui tem mais
a ver com aquele gostinho gostoso do jogo homem-mulher, entre quatro
paredes, no qual homens são lobos maus e mulheres chapeuzinhos vermelhos
(ou meninas da capa vermelha como está mais na moda falar depois do
recente filme).
Tenho de explicar tudo porque umas das coisas que a
"crítica ideológica" da relação entre os sexos causa em quem acredita
nela (além da chatice usual) é a perda do senso de sutileza.
Quando
os homens não podem pensar nas mulheres como objetos sexuais no seu dia a
dia (o que não implica ser mal-educado, aliás, falta de educação aqui é
antes de tudo falta de conhecimento do "objeto em questão", objeto este
que demanda cuidados na "manipulação" porque é inclusive "explosivo")
sem que alguma chata fale palavras como "machismo", "patriarcalismo",
"blá-blá-blá", acaba-se perdendo a vontade de "mandar na Chapeuzinho
Vermelho". O lobo mau desiste de ser mau.
O que as mais chatinhas não
entendem é que público e privado se misturam para além de suas críticas
ao "poder masculino". E que, à medida que as mulheres se tornam
"iguais" aos homens, muitos acham que não há porque as desejar tanto
assim.
Não há nada no mundo que me dê mais sono do que uma feminista.
Principalmente quando o assunto é a tal crítica do patriarcalismo (o
"poder masculino").
Interessante como tem gente que, além de apontar
os abusos reais que existem no mundo por conta de os homens serem mais
fortes do que as mulheres (atenção: não esqueça, cara leitora da capa
vermelha, que essa força maior do homem é parte do lobo mau que a menina
da capa vermelha em você tanto gosta...), ama dizer que mesmo a
poluição é fruto do patriarcalismo. Pode uma coisa dessas?
Isto é, "sociedades matriarcais" não poluiriam o mundo porque não seriam gananciosas e acumulativas.
Alguém
já olhou um armário de uma mulher e contou o número de pares de sapato e
de vestidos que ela tem? Nada acumulativas. Ou o número de batons?
Nada
contra, já disse muitas vezes, a vaidade numa mulher é sua segunda
pele, só mulheres mal-educadas ou muito infelizes não são vaidosas.
Quanto mais cores diferentes de batom, melhor.
Mas as "invejosas do
falo" (diriam as psicanalistas mais clássicas) adoram dizer que "tudo é
política", logo, "tudo é ideologia patriarcal".
Se as mulheres se
sentem sozinhas, isso é uma questão política. Se alguém vomitar de medo,
isso é uma questão política. Se as mulheres têm pressão arterial mais
baixa do que os homens, isso é culpa do patriarcalismo (logo, é
política), porque foram os homens que escreveram os tratados de
fisiologia, logo...
Enfim, nada mais machista por parte da seleção
natural do que fazer com que as mulheres fiquem grávidas e não os
homens, porque assim as obrigou a serem mais seletivas no sexo, porque
afinal pagam caro por ele.
Ou será que isso também é opressão
patriarcal? Úteros e ovários são a prova cabal de que o universo é
patriarcal? A dor do parto é parte desse plano de opressão?
Será que, se criticarmos bem o patriarcalismo, os homens ficarão grávidos e não mais as mulheres?