Tartarugas podem voar
Lakposhta hâm parvaz mikonand
Bahman Ghobadi
2004
Irã-Iraque
Fazia tempo desde meu último filme iraniano. Mas algo que guardo em comum entre todos os filmes produzidos por este país é a dor, a tragédia e em alguns, uma pontinha de esperança.
A história se passa num campo de refugiados curdos - minoria étnica perseguida por Saddam Husseim - onde metade da população é formada por crianças que perderam seus pais pelas mãos do exército de Saddam. Além do campo há uma pequena vila, com moradores também desgastados pela guerra.
Quem comanda tanto a vila quanto o campo de refugiados - na fronteira entre Irã e Iraque - é um esperto garoto apelidado de Satélite, dada sua facilidade de comunicação e sua habilidade para lhidar com as antenas do vilarejo. Satélite, assim como quase todas as criaças dali, perdeu seus pais na guerra. As crianças (em sua maioria mutiladas), aos comandos do garoto, passam o dia recolhendo minas terrestres e vendendo-as para um intermediário - que por sua vez as revende para a ONU.
Dentro desse contexto, o filme retrata os dias anteriores à ocupação norte-americano ao Iraque e a queda de Sadam. Os anciãos do vilarejo compram uma parabólica para se informarem sobre o início da guerra. Satélite, com seu parco inglês, tenta traduzir os noticiários que vê. A história tem um reviravolta quando chegam ao campo de refugiados uma menina curda (Agrin) e seus irmãos - um bebê e um garoto sem braços. Satélite logo se apaixona pois enxerga na triste Agrin alguém como ele.
Ao longo do filme se descobre o passado traumático da garota e a clarividência do irmão sem braços - que prevê a guerra e o fim dela.
O filme é cru, o cenário de guerra convence com seus destroços espalhados e a metáfora da tartaruga - que se assemelha a uma mina terrestre - dão o tão real e comovente ao filme.
sábado, 16 de outubro de 2010
Dois Irmãos
Dois Irmãos
Dos Hermanos
2010
Daniel Burman
Argentina
Realmente nós brasileiros temos muito o que aprender com os argentinos quando o negócio é cinema. Assistindo ao ótimo "Dois Irmãos" tive a impressão que talvez nunca vamos conseguir chegar à sutileza argentina quando se trata de cinema bom e simples.
O enredo é banal, os personagens poucos, mas o filme é delicioso. A história conta a relação conturbada entre os irmãos Marcos e Suzana, moradores de Buenos Aires. Com a morte da mãe - cuidada com todo carinho e dedicação pelo filho Marcos - Suzana (solteirona e viciada em trambiques imobiliários) decide comprar uma casa no Uruguai para o irmão (também solteirão e apaixonado por teatro). A história, que poderia enveredar pelos caminhos da tragédia familiar, mergulha numa mistura de momentos alegres e hilários - como na parte em que, através dos "jeitinhos" de Suzana, ela e o irmão entram de bicões numa festa na embaixada brasileira. No Uruguai, Marcos acaba se envolvendo com um grupo de teatro que prepara uma adaptação de "Édipo Rei".
O final dessa história é de uma leveza genial que só os argentinos poderiam dar.
Dos Hermanos
2010
Daniel Burman
Argentina
Realmente nós brasileiros temos muito o que aprender com os argentinos quando o negócio é cinema. Assistindo ao ótimo "Dois Irmãos" tive a impressão que talvez nunca vamos conseguir chegar à sutileza argentina quando se trata de cinema bom e simples.
O enredo é banal, os personagens poucos, mas o filme é delicioso. A história conta a relação conturbada entre os irmãos Marcos e Suzana, moradores de Buenos Aires. Com a morte da mãe - cuidada com todo carinho e dedicação pelo filho Marcos - Suzana (solteirona e viciada em trambiques imobiliários) decide comprar uma casa no Uruguai para o irmão (também solteirão e apaixonado por teatro). A história, que poderia enveredar pelos caminhos da tragédia familiar, mergulha numa mistura de momentos alegres e hilários - como na parte em que, através dos "jeitinhos" de Suzana, ela e o irmão entram de bicões numa festa na embaixada brasileira. No Uruguai, Marcos acaba se envolvendo com um grupo de teatro que prepara uma adaptação de "Édipo Rei".
O final dessa história é de uma leveza genial que só os argentinos poderiam dar.
Assinar:
Postagens (Atom)