quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Cansei

Fico passada como algumas pessoas ainda acreditam no tal "socialismo" e divulgam isso aos quatro ventos sem o menor pudor.
Tudo bem caso você tenha 14 ou 17 anos, ainda há a desculpa de ser adolescente e acreditar que o mundo possa mudar de algum jeito (coisa mais estúpida ainda...). Mas se você já passou dos 30 e ainda crê nesse tipo de coisa, deveria se envergonhar. OU você realmente acredita nesses patetas vestidos com camiseta do Che Guevara e boné do MST que não sabem nem soletrar Karl Marx OU você é realmente um analfabeto histórico que defende a múmia do Fidel Castro (vestido com seu super-revolucionário uniforme da Adidas) enquanto fecha os olhos para o genocídio cometido por ele e seus comparsas desde 1959.
Fácil encher a boca para defender a reforma agrária enquanto você tem sua casa, seu carro e ainda tem uma constituição que defenda o direito de tê-los. Tocqueville em seu maravilhoso A Democracia na América mostrou como os EUA formou uma democracia inabalável e profetizou que este seria o país da liberdade (e não da igualdade).
Eu prefiro mil vezes ser livre, ter meus direitos resguardados, ter direitos, poder falar o que penso, ler o que gosto, comer o que bem entender a viver numa sociedade que se diz igualitária, que nivela tudo por baixo, no nível da pobreza só para ter o gostinho de dizer que alí não há diferentes, que todos têm as mesmas oportunidades. Bah!
Cansei de ver universitários defendendo o socialismo e vivendo às custas do dinheiro dos pais: tudo isso "seriamente" discutido em festas regadas a muita cerveja e otras cositas mas, que anuviavam as cabeças ocas da roda com suas filosofias brega da esquerda.
Não suporto mais ouvir falar em Lula com aprovação de 87% da população. Isso é coisa de regimes totalitários. Nenhum governo consegue essa porcentagem sem subterfúgios ditatoriais ou manipulação de mídia (coisa que o governo atual é craque!).
Se você ainda acredita no poder dos regimes socialistas e tem menos de 30 anos, você ainda tem cura: vá ler, estude, pesquise, está tudo debaixo de seus olhos.
Agora, se você passou dos 30, sinto muito, há pouca chance de mudança. Vá viver na ilha de Castro ou se mude para a Venezuela e vá viver seu sonho socialista. Mas longe de mim com essa filosofia barata e brega. 




segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dez passos pra usar bota branca - Pondé (27/12)


CONVERSANDO COM uma jornalista de uma importante revista do mercado editorial recentemente, usei algumas vezes a palavra “brega” e ela me perguntou: “Pondé, o que você quer dizer com a palavra brega? Para mim, brega é usar bota branca”.
Cumpro aqui a promessa que fiz a ela: vou dizer o que eu acho brega, e você vai ver como vivemos numa época brega.
Antes, um reparo: “brega” normalmente quer dizer coisa cafona, de mau gosto, como gente chorando em programa de TV para dona de casa, churrasco na laje como estilo de vida ou feijoada com pagode (sua presença será perdoada só se você estiver lá para pegar alguém, claro, aí, com Deus ou sem Deus, tudo é permitido).
Outro reparo: para os eruditos, sei bem que sou acusado de estetizar a ética (nisso tenho comigo um excelente cúmplice, Nietzsche). Explico: estetizar a ética é tornar o problema do bem e do mal mera questão de gosto, coisa de gente blasé.
Assumo o risco, quem ficar bravo pegue uma senha. Sei bem que o problema do bem e do mal não se reduz à questão de gosto, mas, num mundo como o nosso, defender-se desse mau gosto que é fazer marketing de comportamento é uma obrigação de qualquer pessoa de bom gosto.
Ser brega é:
1. Querer ser chique. Essa é terrível. Nada mais brega do que se preocupar com o que os ricos pensam de você. Confundir “ter dinheiro” com “ser chique” é coisa de gente pobre de espírito. “Ser chique” é como ter olho azul ou verde: se você não tem, azar o seu, se colocar lentes de contato com cor, será ridículo, como homem careca que usa peruca ou homem que pinta o cabelo.
2. Achar que seu filho não sofre dos males que os filhos dos outros sofrem. Crer que seus filhos não falam bobagens nas redes sociais. Achar que eles gostam mesmo de pepino e berinjela e que são mesmo pessoas preocupadas com o ambiente aos 12 anos de idade.
Some a essa breguice sua crença de que seu “filho consciente” é a prova viva de que você o educou bem e veja nisso uma prova de que você é mesmo legal. Gente assim coloca fatias de laranja italiana em jarras de água em festas e adora receber e fazer elogios no Facebook. Além, é claro, de criar vira-latinhas como prova de consciência social.
3. Achar avião chique. Tirar foto dentro do avião ou de você “com a Monalisa”. Ir ao Louvre. Confundir “fazer turismo” com “conhecer o mundo”. Uma diferença grande é: se quando voltar, você quiser muito contar para os outros onde foi que você fez turismo.
4. Acreditar em energias. Dizer que “você tem um deus dentro de você” e que ele “lhe entende”. Deus deve ter bode de gente como você.
5. Querer que pensem que sua filha é sua irmã. Achar legal ela ser mais careta do que você. Pedir conselhos amorosos para ela.
6. “Respeitar” seu parceiro. No caso dos homens, dizer coisas como “Eu acho que as mulheres são vítimas sociais”. Isso é papo de quem só pega mulher chata e feia ou nunca pegou mulher nenhuma.
7. Você até pode ser uma pessoa “fiel” e “honesta”, mas, se você conseguir resistir à infidelidade e a “roubar no jogo” seja lá no que for e achar que resistiu não porque você teve medo ou porque a oportunidade não foi tão boa (o que você tem em casa é melhor, por exemplo, ou o risco de ser pego não vale a empreitada), você é mesmo brega.
Se você sabe que está mentindo, você é apenas hipócrita, se acredita mesmo na sua falsa virtude, é brega. Nada mais brega do que acreditar que você tem virtudes quando, na realidade, faltam oportunidades para você realizar seus vícios.
8. Ter sensibilidade de classe média: sonhar com ambientes de gente rica. Achar legal ser celebridade. Pegar trânsito para ir à praia em feriadões. Vestir-se para festa quando você vai a shopping centers.
9. Dizer que “você quer ser feliz” ou que não tem preconceitos. Acreditar numa vida saudável e na psicologia de recursos humanos aplicada à sua vida pessoal: confundir ter amigos com fazer networking, “agregar valor” a si mesmo, fazer marketing pessoal ou marketing do bem.
10.  Acreditar em si, na natureza, no progresso da humanidade, na vida e na energia do Réveillon.

Ela Voltou - Pondé (20/12)

VERÃO AFINAL. Muito calor. Fui a um desses eventos chatos, com os quais a classe média sonha. Tédio puro. Gente deslumbrada, buscando “eye contact”. Quando entrar num lugar desses, não olhe pra ninguém. Olhe para infinito.
O problema é que esse olhar tem um efeito colateral nefasto: ninguém resiste a alguém que não olha para ninguém. Mais gente chata irá atrás de você mostrando seus monótonos talentos.
Vestido preto básico, leve e curto, sandálias altas. Vi de longe, mas reconheci Andréia. Teria voltado pra ficar? Pelo que me disseram naquela noite, sim. Mulher intrigante ela, sempre achei.
Aquele tipo de mulher que sabe que a distância entre vício e virtude é apenas o número de taças de vinho, por isso bebia pouco se queria ser capaz de dizer “não”. Sempre muito falada pelos outros, era vítima de dois tipos de ódio. Mulher bonita e inteligente, ela cometia dois pecados ao mesmo tempo.
Para os homens comuns, sua inteligência era uma ofensa; para as mulheres comuns, sua beleza era um descalabro provando a injustiça cósmica: poucas têm muito e muitas têm pouco.
Passional por natureza, Andréia, aprendera a dura lição que é controlar seu desejo e seu sexo. Carregando aquele não sei o quê de talvez promíscuo que desequilibra os homens inseguros (porque falsamente éticos), nossa heroína passara, nos últimos tempos, a falar pouco e a ter gestos curtos, como se a garantia de virtude numa mulher fosse função apenas do silêncio e do pouco movimento das pernas e dos cabelos.
Lera algum filósofo neoestóico e chegara à conclusão de que a virtude da alma é apenas resultado de certos movimentos repetidos do corpo.
Inteligente, ela era uma dessas mulheres que sabia a bobagem que é dizer que tudo que as mulheres querem num homem é dinheiro. Quando uma mulher é inteligente, ao contrário do que pensam os idiotas, ela quer muito mais do que simples dinheiro porque dinheiro é barato.
Voltando depois de uns anos na Europa, ela havia feito, segundo dizem, um mestrado sobre o cinema de Lars Von Trier. Publicitária de formação, decidiu, no seu retorno ao Brasil, trabalhar numa produtora de cinema, uma dessas grandes, aparentemente alemã, cuja sede era em Berlin.
Chegando para seu primeiro dia de trabalho, eis que Andréia teve que tolerar seu primeiro assédio moral de uma série que seria obrigada a tolerar nos próximos meses, segundo me disseram naquele evento chato no qual a reencontrei.
Topou logo de cara com um dos diretores da produtora que tentou seduzi-la para um documentário que supostamente ele faria sobre populações carentes na periferia de São Paulo (“Que tédio!”, ela pensou, “que assunto monótono!”).
Ele devia ser uma dessas almas pequenas, uma dessas pequenas autoridades amantes de seu minúsculo poder.
Sabendo que Andréia deveria trabalhar não sei ao certo com quem, que ele odiava, mas a quem ela adorava de paixão, nosso cineasta medíocre, diante da recusa dela, passou à agressão de seu colega famoso.
Ela fingiu ouvir com atenção, mas pensava em outra coisa enquanto ele destilava sua inveja.
Maldição eterna das mulheres bonitas, elas costumeiramente têm que aturar, além da inveja das feias, a inveja dos homens fracos, porque não as tem.
Pensando bem, pelo que me disseram desse sujeito, sua postura era um tanto a de um cidadão atarefado e sem muita imaginação.
Vale a pena lembrar que nosso diretor de documentários “sociais” era alguém que um dia sonhara ser um grande cineasta, mas que, ao final (por absoluta falta de talento e uma certa preguiça intelectual típica da maioria das pessoas do mundo da cultura), acabara por se ocupar com a rotina de papéis e carimbos na produtora. Seu dia a dia era envenenado por aquele tipo de inveja típica das almas incapazes.
Não falei com ela. Vi que estava um tanto aborrecida. O tal cineasta medíocre a seguia com os olhos. A beleza pode ser mesmo um azar.
Por isso, provavelmente, ela de repente sumiu, “voando” numa BMW preta. Perdi-me nos delírios do quanto ela ficaria molhada de suor, numa noite quente como aquela.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Mais Woody


Você vai conhecer o homem dos seus sonhos é um típico Woody Allen. Não o melhor, nem o mais engraçado, mas um genuíno Woody Allen: ótimos atores, enredo simples e direto e trilha sonora deliciosa como só ele sabe fazer.
Para os desavisados que não conhecem esse tipo de cinema, o filme pode parecer banal e sem propósito (algumas pessoas sairam do cinema criticando quem havia indicado o filme...rs). Um dos títulos propostos para a cópia brasileira foi "Uma comédia romântica de Woody Allen". Graças ao bom gosto o nome foi rejeitado e passou do inglês You Will Meet a Tall Dark Stranger para Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos. Ufa!
O filme gira em torno da frase magnífica de Shakespeare, em Macbeth,  que diz "a vida é cheia de som e fúria que nada significa". Desavisados de plantão deveriam  ter se tocado já nesta primeira frase do filme e ter levantado da cadeira: Woody avisou, não esperem um sentido, um final feliz ou algo parecido.Afinal, a vida é assim, como uma vela que se apaga e que no final talvez não tenha importância alguma, sentido algum.

Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre palhaço que por uma hora se espavona e se agita no palco, sem que depois seja ouvido; é uma história contada por idiotas, cheia de fúria e muito barulho, que nada significa