quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

As intermitências da morte

Ganhei um dos últimos livros do Saramago - As intermitências da morte.
Nem preciso dizer o quanto é fantástico. Saramago raramente erra nos temas escolhidos, mas este em especial é deveras interessante. A morte passa a personagem principal da trama quando resolve entrar em greve. Isto mesmo: niguém morre mais. É chegada a hora da tão esperada eternidade. O que niguém contava com isso era o batalhão de problemas que junto dela se acarretavam. Em pouco tempo não haveria espaço para os moribundos nos hospitais, para os velhos dos asilos, e as funerárias e agências de seguros de vida chegariam à falência. Sem contar que a morte passava de problema filosófico à político. Isso quando então o cardeal traz à tona o maior problema de todos: a Igreja Católica sucumbiria com a falta de morte, já que sem morte não há ressurreição.
E por ai vai. Um novo fôlego para um ano que se inicia. Aproveitando que no enredo do romance, é também na virada do 31 de dezembro que a morte decide tirar umas férias para nunca mais voltar.