sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
River - Madeleine Peyroux
It's coming on Christmas
They're cutting down trees
They're putting up reindeer
And singing songs of joy and peace
I wish I had a river
I could skate away on
But it don't snow here
It stays pretty green
I'm going to make a lot of money
Then I'm going to quit this crazy scene
I wish I had a river
I could skate away on
I wish I had a river so long
I would teach my feet to fly
I wish I had a river
I could skate away on
I made my baby cry
He tried hard to help me
You know, he put me at ease
And he loved me so naughty
Made me weak in the knees
I wish I had a river
I could skate away on
I'm so hard to handle
I'm selfish and I'm sad
Now I've gone and lost the best baby
That I ever had
Oh I wish I had a river
I could skate away on
I wish I had a river so long
I would teach my feet to fly
Reportagem para a IHU - O deus de Lars von Trier
Respeito e reverência diante do mal: o deus de Lars von Trier
Flávia Arielo aponta que o filme Anticristo aborda Deus de forma maléfica, ou seja, “se há alguma relação existente entre Deus e a pertença do mal no mundo, isso só pode ocorrer a partir do pressuposto de Deus ser mal”
Por: Graziela
Dogville, Anticristo e Melancolia são filmes essencialmente teológicos, pontua Flávia Arielo
Ao analisar o filme Anticristo, de Lars von Trier, em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line, Flávia Arielo explica que, por diversos momentos, “o diretor centraliza a questão do mal na natureza, que nesse caso, pode ser entendida tanto como natureza física quanto a natureza do homem”. Para ela, a relação entre Deus e o mal na obra de von Trier se dá de forma bastante peculiar em cada um dos últimos três longas-metragens do diretor – Dogville, Anticristo e Melancolia – que são, segundo Arielo, filmes essencialmente teológicos. E constata que “ao que tudo indica, através de seus filmes, Lars von Trier sugere o ser humano completamente desconectado, apartado de Deus. A ideia de Deus está implícita em muitas formas, (…) mas Ele parece não se importar com o que acontece com sua criação. Na pior das hipóteses, o Deus de Trier não apenas nos abandonou como também pode contribuir para o nosso sofrimento. O diretor não dá esperanças para essa relação em nenhum de seus filmes”. Por fim, Flávia conclui: “o fim de Anticristo demonstra que, para a razão, a única saída para a dor é a morte do mal, ou daquilo que ele representa”.
Flávia Santos Arielo possui graduação em História pela Universidade Estadual de Londrina e é especialista em História da Arte pela mesma universidade. Leciona História e História da Arte no ensino médio. É mestranda do curso de Ciências da Religião da PUC-SP.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como o conceito de mal e de maldade aparece na obra Anticristo de Lars von Trier?
Flávia Arielo – Lars von Trier criou uma atmosfera fílmica que vai de encontro com a ideia de mal: as cenas são esteticamente belas, têm tratamentos que ressaltam as cores e cenas em câmera lenta. Tudo isso acaba por contrapor a ideia de bem e mal, a começar pela cena inicial, o prólogo, que nos leva à problemática central do filme: o preto e branco, a ópera como trilha sonora e as cenas lentas nos conduzem à beleza, mas então uma das formas do mal se mostra pela primeira vez – a morte de uma criança. O mal exposto no filme, em princípio, pode levar o espectador menos atento a deduções superficiais, como se o mal residisse apenas em fatores como a morte, a depressão e a perda. Mas o repertório teológico de Trier vai além disso: o mal está centrado na personagem feminina do filme e em sua descoberta. Interpretada por Charlotte Gainsbourg , a mulher faz afirmações ao longo do filme que nos indicam a posição de Trier sobre o mal. “A natureza é o templo de Satã”, diz ela, ao constatar que a natureza humana é má. Por diversos momentos o diretor centraliza a questão do mal na natureza, que nesse caso pode ser entendida tanto como natureza física quanto a natureza do homem. A desordem dessa natureza é exposta, por exemplo, em um das cenas mais fortes do filme, quando uma raposa se autoflagela e anuncia em alto e bom tom: “O caos reina”.
IHU On-Line – Como se dá a relação entre Deus e o mal na filmografia de Lars von Trier?
Flávia Arielo – Destaco, em particular, os últimos três longas-metragens do diretor – Dogville , Anticristo e Melancolia – como filmes essencialmente teológicos. Há que ressaltar que, como dinamarquês, Lars von Trier nasceu num país embebido pela Reforma, apesar de declarar que cresceu num ambiente familiar secular. A relação entre Deus e mal se dá de forma bastante peculiar em cada um destes filmes. Em Dogville (2003), Deus está caracterizado como o chefe da máfia, um gangster que impele sua filha – Grace (Graça) – aos piores infortúnios na cidade de Dogville. Ao final, num belo diálogo entre o gangster e Grace, tudo gira em torno de entender quem é o mais arrogante entre os dois. Em Melancolia (2011), Deus está ausente; Ele silencia e permite que a vida na Terra seja completamente fulminada por outro planeta, muito maior e mais belo, chamado Melancolia. Já em Anticristo (2009) essa relação dá demonstrações de que, se há um Deus e se fomos feitos à sua imagem e semelhança, então esse Deus é mal.
IHU On-Line – Para Lars von Trier, o que define o ser humano e sua relação com Deus?
Flávia Arielo – Ao que tudo indica, através de seus filmes, Lars von Trier sugere o ser humano completamente desconectado, apartado de Deus. A ideia de Deus está implícita em muitas formas, como já dito, mas Ele parece não se importar com o que acontece com sua criação. Na pior das hipóteses, o Deus de Trier não apenas nos abandonou como também pode contribuir para o nosso sofrimento. O diretor não dá esperanças para essa relação em nenhum de seus filmes.
IHU On-Line – A partir da obra cinematográfica de Trier, em especial o Anticristo, o que define as escolhas humanas a partir do livre-arbítrio dado por Deus? Qual a força do mal nesse sentido?
Flávia Arielo – Para muitos filósofos e teólogos, o mal reside exatamente em nossas escolhas, no livre-arbítrio. Essa é uma das formas de retirar de Deus o peso da efetividade do mal. Neste filme pesa muito mais a ideia de destino do que de livre-arbítrio: somos maus por natureza e é aí que reside o sofrimento da descoberta do personagem feminina do filme. A mulher escolhe ser má, pois essa é sua essência, é assim que a humanidade é. Mas há uma escolha dessa personagem, em particular, que é primordial no filme: em uma das cenas finais o diretor revisa o prólogo e mostra o momento em que o casal está fazendo sexo no quarto, mas por outro ângulo de câmera, revelando que a mulher vê quando o filho vai saltar pela janela. A escolha foi pelo sexo e não pelo filho. O mal se revela nessa escolha.
IHU On-Line – O que seria a teodiceia negativa presente no filme Anticristo?
Flávia Arielo – Teodiceia, como definida primeiramente por Leibniz (século XVII), é a justificação racional de Deus. O filósofo tentava racionalizar de que forma poderia salvar Deus do julgamento daqueles que afirmavam não haver compatibilidade entre Deus ser onipotente e bom ao mesmo tempo em que a experiência mostrava que existia o mal no mundo. Dessa forma, a teodiceia nasce para compatibilizar Deus e o mal, alocando a existência do mal nas escolhas do homem, no livre-arbítrio. Anticristo aborda Deus de forma maléfica, ou seja, se há alguma relação existente entre Deus e a pertença do mal no mundo, isso só pode ocorrer a partir do pressuposto de Deus ser mal; assim, a teodiceia se torna negativa: se há alguma razão em entender o porquê do mal no mundo, do sofrimento e da dor, isso só pode ser obra de um Deus maléfico.
IHU On-Line – Em que sentido o filme Anticristo pode nos ajudar a compreender até onde alguém pode chegar para lidar com a dor?
Flávia Arielo – O filme mostra uma mãe em agonia, primeiramente, por que perdeu um filho. Sua dor e seu sofrimento parecem não ter fim. O marido, interpretado por Willem Dafoe , é um terapeuta que tenta tirar a esposa de seu sofrimento. Mas a escolha de Lars von Trier é ridicularizar a terapia moderna, encarnada no marido; a esposa, por diversos momentos, diz a ele que o problema é maior, que o sofrimento vai além do luto e da perda, que a dor não tem fim. A dor exposta pela mulher do filme não é em si a dor da perda do filho e sim a dor de enxergar o mal inserido na natureza humana e na natureza de Deus. O marido, de início, completamente imerso em sua racionalidade, não dá credibilidade às falas de sua mulher. Em determinado momento, o homem é tocado pelo mal que a esposa expõe e ainda assim custa a crer no que ele representa. O fim de Anticristo demonstra que, para a razão, a única saída para a dor é a morte do mal, ou daquilo que ele representa.
IHU On-Line – Como a relação entre medo e fé (ou a falta dela) aparece na obra em questão?
Flávia Arielo – O medo se evidencia no filme através das descobertas da mulher sobre a origem, a natureza humana. Ela se deprime, se angustia, e ao final constata não haver saída. Se existe alguma sombra de fé nessa obra, ela se dá pelo viés da razão e não pelo religioso. E mesmo essa fé racional é desmoralizada pelo diretor. Há uma cena bastante esclarecedora sobre isso: o marido faz uma lista dos medos da esposa, elencando-os hierarquicamente. A saída proposta por ele é que a mulher deve enfrentar diretamente o problema, ir até sua raiz. Um dos maiores medos da esposa é voltar à floresta do Éden, local onde escrevia sua tese. O marido então pede que ela se imagine deitando na grama do Éden, se misturando à grama. A imagem cinematográfica mostra a mulher se fundindo ao verde da grama até quase desaparecer. Essa seria a saída racional para o medo descartada e devassada por Trier. Tanto a razão quanto a fé – em qualquer sentido – não dão conta de acabar com o medo.
IHU On-Line – Quem é o Anticristo na visão de Lars von Trier?
Flávia Arielo – É a revelação do Deus mau, um Deus que jogou toda sorte de males no mundo: a dor, a perda, o sofrimento, a angústia, a depressão, a morte. É um Deus que criou o mundo a sua imagem e semelhança e que a razão não dá conta.
IHU On-Line – Gostaria de acrescentar mais algum comentário sobre o tema?
Flávia Arielo – O filme foi duramente criticado quando de seu lançamento. O diretor foi taxado de sexista e misógino. Creio que o filme vai muito além dessa visão leviana, pois se insere nas temáticas teológica e filosófica, muito caras ao diretor. Apesar do teor pesado e das cenas pouco palatáveis, Anticristo deve ser visto e interpretado como quem se depara com o mal: com respeito e reverência.
Branca de Neve azeda - Pondé
Fazer a cabeça das crianças sempre foi um dos pratos prediletos do fascismo. Agora, nem a Branca de Neve escapa, coitada, do ódio dos fascistas. O conjunto de "estudos" que se dedica a fazer a cabeça das crianças é parte do que podemos chamar de "oppression studies". Você não sabe o que é?
"Oppression studies" é uma expressão usada pelo jornalista americano Billy O'Reilly, da Fox News, para se referir às "ciências humanas engajadas no controle das mentes". Explico.
Reprovou um aluno? Opressão. É preguiçoso? Não, a sociedade te oprimiu e fez você ficar assim. Um ladrão te assaltou? Ele é o oprimido, você o opressor. Aliás, sobre isso, vale dizer que, com a violência em São Paulo, devemos reescrever a famosa frase do Che: "Hay que enfiar la faca em la cavera, pero sin perder la ternura jamás".
A frase dele, assinatura de camisetas revolucionárias, é: "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás". Essa camiseta é a verdadeira arma contra gente como ele. Os americanos deveriam afogar o Irã em Coca-Colas, Big Macs e pílulas anticoncepcionais para as iranianas transarem adoidado com seus amantes.
Convidou uma colega de trabalho para jantar? Opressão! Você é um opressor por excelência, deveria ter vergonha disso. Não é um amante espiritual do Obama? Opressor! Come picanha? Opressor! Não acha que a África é pobre por culpa sua? Opressor! Suspeita de que o sistema de cotas vai destruir a universidade pública criando um novo espaço de corrupção via reserva tribal de mercado e compra de diplomas de escolas públicas? Se você suspeita disso, é um opressor! Acha que uma pessoa deve ser julgada pelos seus méritos e não pelo que o tataravô do vizinho fez? Opressor! Anda de carro? Opressor! Ganhou dinheiro porque trabalha mais do que os outros? Opressor!
Os "oppression studies" sonham em fazer leis. Por exemplo, recentemente, um comitê de gênero (isto é, o povo que diz que sexo não existe e que tudo é uma "construção social", claro, opressora) desses países em que o "mundo é perfeito" teve uma nova ideia. Esses caras (ou seriam car@s?) querem proibir qualquer propaganda ou programação infantil que reproduza imagens de mulher sendo mulher e homem sendo homem. Não entendeu? É meio confuso mesmo. Vamos lá.
Imagine uma propaganda na qual existe uma família. Segundo os especialistas em "oppression studies", para a marca não ser opressora, a família não pode ser heterossexual, porque se assim o for, o "espelho social" (a imagem que a mídia reproduz de algo) fará os não heterossexuais se sentirem oprimidos.
O problema aqui não é que as pessoas devem ser isso ou aquilo (melhor esclarecer, se não eu viro objeto de estudo dos "oppression studies"), mas sim por qual razão esses cem car@s (não são muito mais do que isso), que não têm o que fazer na vida a não ser se meter na vida, na família e na escola dos outros, têm o direito de dizer o que meus filhos ou os seus devem ver na TV? Até quando vamos aturar essa invasão da vida alheia em nome dos "oppression studies"?
Contos de fadas como Branca de Neve, Cinderela e Gata Borralheira são grandes objetos de atenção dos "oppression studies". Claro, as três são oprimidas, por isso gostam dos príncipes. Se fossem livres, a Branca de Neve pegaria a Cinderela. Humm... não seria uma má ideia....
Veja o lixo que ficou a releitura da Branca de Neve no filme que tem a atriz da série "Crepúsculo", a bela Kristen Stewart, como a Branca de Neve. Coitada...
A coitada tem que terminar sozinha para sustentar sua posição de rainha "empoderada", apesar de amar o caçador (passo essencial para libertar nossa heroína da opressão de amar alguém da nobreza, o que seria ainda mais opressor).
Os "oppression studies", na sua face feminista, revelam aqui o ridículo de sua intenção: fazer de toda mulher uma mulher sem homem porque ela mesma é o homem. Todo mundo sabe que isto é a prova mais banal da chamada inveja do falo da qual falam os freudianos. Fizeram da pobre Branca de Neve uma futura rainha velha e sem homem. Ficará azeda como todas que envelhecem assim.
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