sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Let's Rock!


Os Piratas do Rock
The Boat That Rocked
Richard Curtis
2009


Comédia deliciosa e divertidíssima, principalmente pra quem curte Rock'N'Roll.

Figuraças de Holywood como Bill Nighy e Philip Seimour Hoffman fazem a alegria do filme.

E a trilha é afinadíssima para os ouvidos mais atentos do rooooque.
E atenção: assista o filme até a enrtada dos créditos...vale a pena pela homenagem.

Mais que um abraço


Os Abraços Partidos
Los Abrazos Rotos
Pedro Almodóvar
2009


Persigo Almodóvar desde meus 9 anos, aproximadamente.

Foi amor à primeira vista, com "Ata-me!". Pudera não ser...não tinha como , eu já estava encantada.

Mas não foram todas as obras dele que me tiraram do chão. O Almodóvar de "Maus Hábitos" não é o mesmo do estonteante "Fale com Ela". Mas ainda assim, sempre existem as permanências.

Hoje assistindo à "Abraços Partidos" pude sentir uma ponta de cada faceta de Almodóvar. Conseguiu tirar os exageros apelativos dos primeiros filmes sem perder a graça e a beleza e continuar com os diálogo impecáveis e a trilha sonora dos últimos anos.

E o final, ah, o final...digno!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Caos Calmo


Caos Calmo
Antonello Grimaldi
2008


Nanni Moretti interpreta Pietro Paladini, o personagem principal que fica viúvo no mesmo dia em que salva a esposa de alguém de um afogamento. Em seguida se vê sozinho com a filha pequena para cuidar. Isso daria uma bela trama lacrimosa e infeliz. Mas não é o caso.

Caos Calmo reflete bem o seu enunciado. A turbulência da perda não reflete nem no marido nem na filha, que continuam sua vida normalmente, como se nada tivesse acontecido. Na verdade há mudanças sim: para melhor. Pietro acaba "acampando" num banco de jardim em frente à escola da filha, e é ali que sua vida fará mais sentido. Uma de suas ocupações é fazer listas mentais de coisas da vida: lugares que nunca mais quer ir, companhias aéreas que já voou, lugares que já morou...

Lindo.

Ps: atenção para a participação única e especial de Roman Polanski no papel de um personagem coadjuvante...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Let's Get Lost

Let's Get Lost
Bruce Weber
1988

Finalmente consegui este documentário!
Desde que me apaixonei por Chet Baker assisitir a este filme se tornou uma obsessão...
Este é um documentário feito para admiradores de Chet, sem dúvida. Nele o trumpetista aparece um ano antes de sua morte ( uma sexta-feira 13 de 1988), com então 57 anos e a aprência de 77.
Não apenas sua aprência estava desfigurada - lembrando que Chet foi um dos mais lindos músicos que já tocaram sobre a face da terra - mas o seu raciocínio também estava derretido pelos anos de speedyball (junção de cocaína e heroína). Lembra até um pouco o Ozzy ao falar e pensar.

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O filme toca em vários pontos da vida de Chet, contando não apenas com a presença do próprio como também de suas ex-mulheres, filhos, mãe, alguns músicos, produtores e o fotógrafo responsável por suas mais belas e famosas fotos (como esta daqui). Passagens polêmicas são abordadas, como o dia em que perdeu os dentes (as versões de Chet e de seus amigos não bate, fazendo juz à fama de Chet com um bom ator, que gostava de inventar histórias, principalmente em relação a sua própria vida...) e o dia em que foi preso em Lucca, na Itália.
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Certa hora do documentário Chet é questionado sobre seus filhos, respondendo como se estes fossem meros (des)conhecidos. Logo em seguida aparece a tomada feita com os filhos de Chet, já jovens, reclamando da ausência paterna.
Há também a cena com a mãe de Baker, que, ao ser questionada sobre se Chet a havia decepcionado como filho, responde secamente que sim mas que não deveriam entrar nesse assunto.

Chet enganou todas as suas mulheres, traiu seus pais, amigos e produtores, gastava todo seu cachê em drogas e quase morreu de overdose várias vezes.
Chet Baker foi um canalha. Mas que maravilhoso canalha!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pondé!!!!


O cochicho do demônio

NÃO ACREDITO na educação. Sou professor, do tipo que gosta do "chão da sala de aula", detesta as burocracias e os projetos pedagógicos para uma educação política e científica. Meu ideal de educação? Deixemos quem gosta de dar aula tocar a escola, esqueçam os burocratas que acreditam na educação. Desconfio das teorias pedagógicas e dos pedagogos.

Quando amamos o que fazemos, fazemos porque, em nós, aquilo é como um vício. Sinto falta das inquietações e das tentativas desastradas de colar nas provas. Em meio a esse alvoroço, trocamos ideias sérias sobre o sentido da vida e da morte e sobre o que cai na prova. E sobre quem está "pegando quem". E sobre quem é a menina "fácil" e sobre quem é o cara que não "pega ninguém".

No chão da sala de aula, não há muita distância entre o sentido da vida e a alegria de quem passa e a agonia de quem "dança". Tampouco há muita distância entre a crítica nietzschiana do ressentimento e quem é amado ou desprezado pelos colegas e, por isso, nunca é convidado pra festas. Ou entre Marx e o medo que cresce à medida que a formatura se aproxima e você sabe que logo se descobrirá tão barato quanto uma pasta de dente. Ou entre Freud e o quanto seus pais são infelizes e como essa infelicidade arruinou seus próprios recursos psicológicos diante desse labirinto infernal em que se transformou a dita relação amorosa.

Acreditar na educação é crer que com ela criamos novos seres humanos. Isso não acontece porque a maioria de nós professores, como todo mundo, ganha menos do que queria, é mais infeliz do que esperava, é mais sozinho do que sonhava, é muito menos importante do que imaginava. Esse não costuma ser um perfil indicado para "criar novos seres humanos" porque nele facilmente brota o rancor, o fracasso, a inveja e, por isso mesmo, a mentira.

A maioria de nós acabou como professor por falta de opção ou ilusão juvenil ou incapacidade de enfrentar o mercado profissional ou porque sonhava em ser um novo Marx ou um novo Freud. Quem crê que a educação cria novos seres humanos o faz para disfarçar seu cotidiano ordinário, é uma mentira contada a si mesmo todo dia.O conhecimento é um risco e não uma ferramenta de alegria. Um fardo, uma dádiva de um Deus que parece torturar os covardes ou uma sequela de uma seleção natural sonambúlica e cruel. A educação é um ofício que nos prepara para nosso destino. Uma conversa infinita entre mortos e vivos sobre o enfrentamento desse fardo, que nos une a todos no mesmo tecido cego. Aldous Huxley, em seu monumental livro "Contraponto", nos fala do "cochicho do demônio".

O escritor inglês é mais conhecido por sua obra "Admirável Mundo Novo", aquela mesma que as almas superficiais pensam ter sido uma profecia fracassada. Não! Pelo contrário, Huxley acertou em cheio em sua visão de um futuro asfixiado pela burocracia, pela alegria e pela saúde, enfim, pela vida científica e calculada. Não se deixe enganar pela estética metálica das roupas ou da arquitetura, ou pelo sistema centralizador de seu mundo admirável.

Lembre que vivemos em shoppings nos entupindo de alegria, pensando em alimento saudável e calculando o colesterol, correndo em esteiras em academias, pesquisando parceiros que possam trazer saúde para os filhos que pretendemos ter, tomando remédios que nos deixem felizes como apenas os cegos conseguem ser, temendo o tempo todo o que esse monstro, "o poder informatizado do povo", decidirá sobre nossa vida, enfim, escravos ridículos da ciência e sua mania de sucesso fisiológico e de qualidade de vida.

No indivíduo, a ética da saúde total gera maus comportamentos à mesa (viramos aquele chato que sempre pergunta sobre os nutrientes do que nos servem). No coletivo, vira fascismo mesmo.Mas o que é "o cochicho do demônio"? Huxley diz que a alma que a ele sucumbe torna-se estéril, morre esmagada por um "coração seco como poeira". O cochicho do demônio, que resseca a alma, é o hábito exaustivo de mentir para si mesmo.

O que Huxley denuncia em sua obra é a vida científica (ou a mentira que afirma a beleza de todos os homens) como a mentira moderna por excelência. É a crença de que finalmente chegamos a um porto seguro. A alma morreria se habitasse um porto seguro. Uma educação para a utopia da vida científica desumaniza. Deixa a alma seca como poeira. Um vaso limpo, sem sujeiras ou incoerências, de onde nada brota.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Ah, j'adore les français!

A Bela Junie
La Belle Personne
Christophe Honoré
2008


Amo os francesese por filmes como este. Apesar de não ser alegre e em tons vibrantes, revela o outro lado do cinema francês : o da melancolia. Os francese são mestres exatamente nessas duas coisas: riso e melancolia.
Belle Personne é um destes filmes em que não se consegue desgrudar os olhos da tela, sempre esperando o próximo passo, a próxima fala, o próximo ato. Simples e forte.
Retrata a história de Junie, uma linda e triste garota que se muda para uma escola em Paris, despertando paixões. Além dos estudantes, um professor em especial ( o lindíssimo e estonteante Louis Garrel, de "Os Sonhadores") acaba por se perder pela garota.
Entre um clima e outro, se espera que o inevitável aconteça.
Mas será que acontece?

Belíssimo. E a trilha...nem se fala.

Ps: Já é o segundo filme desta semana que trata do assunto professor/aluno. O interessante é perceber como cada filme tratou diferentemente o tema e deu o final que achou merecedor de cada qual...



Tempos que Mudam
Les temps qui changent
Andre Techine
2004





Junte num mesmo filme dois ícones do cinema francês e verá um bom filme. Ou não.


Este não é um dos clássicos franceses, normalmente cheio de cores ou de tiradas de humor negro, mas um filme simples e bonito (talvez até menos do que devesse ser).
Depardieu e Deneuve infelizmente não formam um casal apaixonante - mas talvez esteja aí a beleza do filme. Depardieu foge dos papéis que normalmente faz (sempre cheio de vida e ágil) para encarnar um personagem quase frio, mas que busca um amor vivido há anos.


O bom do filme é a locação: o Tânger, no Marrocos - estreito entre a Europa e a África (a cidade lendária de W. Burroughs). Aborda levemente o contexto da imigração ilegal e do islamismo.


E o tempo, será que muda alguma coisa?