segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O feminismo e a natureza humana

Nunca gostei do feminismo: acho-o grotesco, infundado, de mau gosto e burro. Há tempos que a luta feminista se tornou um machismo disfarçado de peitos de fora. Sempre que sou questionada em relação à luta das mulheres, respondo que tudo que consegui foi por mérito, estudo e força de vontade própria. Não desmereço as verdadeiras batalhadoras femininas: mães e avós que cuidam de filhos, netos, trabalham fora, desdobrando-se entre casa-trabalho-família. 
"Mas e a violência doméstica?", me perguntam. Respondo: o homem violento é violento em si, por natureza. Continuará sendo com os filhos, os cachorros, os pais, os chefes, e assim por diante. Há que se combater a violência e não apenas o caráter pseudo-gênero do problema. A natureza humana é violenta.
Mas choquei-me com uma declaração dia desses, de um "colega" de trabalho. (Sempre acreditei que o ambiente acadêmico fosse, no mínimo, educado em relação à exposição de ideias escrotas demais para serem ditas em voz alta. Ledo engano). Dizia ele, com essas mesmíssimas doces palavras que "se mulher não tivesse b****a, não mereceria nem ser cumprimentada na rua".  Não preciso reproduzir o conceito todo da palavra incompleta para saber do que se trata: a escrotice não tem tamanho e já está subtendida. Ser humano algum deveria ser capaz de reproduzir esse tipo de pensamento, mas vindo de um professor, que está todo santo dia em sala de aula, formando opiniões e participando do crescimento dos alunos, isso é , no mínimo, repulsivo. 
Eu era a única mulher presente na sala no momento que essa pérola foi jogada. Fiquei sem graça, muda e tentei disfarçar o nojo. A lógica me diz que não há esforço suficiente para que pessoas desniveladas intelectualmente compreendam seus erros. Foi então que percebi que realmente a luta feminista não vale nada quando essa é esvaziada de conhecimento. Esse professor estudou em universidade pública, fez pós-graduação e passou adiante o que entende da vida, ou seja, seria alguém "acima de qualquer suspeita". Eis a questão: é esse tipo de professor que discute racismo e preconceito em sala de aula e perpassa aos alunos sua visão decadente e equivocada daquilo que supõe ser conhecimento. 
A verdadeira luta das mulheres não seria gritar para esse pulha o quanto ele é asqueroso, pois não lhe falta entendimento. Essa é uma escolha particular dos homens (e mulheres). É temperamento. É ser. É essência: ele é essencialmente grotesco. E com isso, volto a questão inicial, de que o movimento feminista não mudará a essência humana, que é maléfica e decaída. 
E o que fazer, então? Cabe a cada qual uma escolha particular de como lutar contra seus verdadeiros monstros.