quinta-feira, 21 de julho de 2016

Escola Sem Partido e o velho Marx num lugar muito melhor

Falar em Escola Sem Partido tá na moda e vou explicar a importância de pensar seriamente sobre isso. 
Estou eu a fazer aquela faxina em minha biblioteca quando decido revisitar todos os quilos de textos guardados à época da faculdade. Muitos (infelizmente) não lidos, poucos bons e bem menos utilizados que aqueles clichês da faculdade de História: Foucault estava virado do avesso, todo marcado, enquanto Isaiah Berlin quase intocado (hoje as coisas se inverteram...). 
A verdade é que em meio a isso tudo achei "O Manifesto do Partido Comunista". Surpresa nenhuma, a não ser lembrar que aquele texto me foi passado no colegial, pelo professor de História à época. O texto sublinhado e gasto foi carregado comigo durante todos os anos da faculdade e milagrosamente sobreviveu até hoje, escondido nos escombros de minha biblioteca.  Creio sim que devamos estudar até o velho Marx, mas a discrepância é que o professor só nos mostrava uma face da moeda. Pergunte se havia junto ao Manifesto algum texto de Adam Smith ou Locke. Nada. 
Eis a lógica da doutrinação ideológica: as ferramentas não estão todas na mesa, para que o aluno escolha qual a melhor para seu arcabouço futuro ideológico. Apenas a foice e o martelo permaneceram ali. Triste realidade. 
No meu caso de nada adiantou carregar o texto ao longo desses vinte anos: cá estou completamente desvinculada desse tipo de raciocínio pérfido da esquerda. Me serviu aos 15 anos, quando visitava reuniões de partidos "libertários", até hoje (graças a Deus) esquecidos. E garanto que as motivações que me levaram a participar foram muito menos ideológicas do que deveriam, afinal, estava de namorico com alguém daquele grupo. Pondé sempre esteve certo ao falar que gente da esquerda pega mais que da direita, eu garanto. 
Hoje o velho Marx foi pro lixo. Guardado numa pasta no fundo dos textos de Metodologia e Teoria de História, ele já não suportava mais conviver com o peso de Berlin ou Kant sobre suas letras amareladas pela falta de uso. Libertei o Manifesto Comunista para viver num lugar mais apropriado.