O jihadismo do Estado Islâmico iça a nova bandeira nazista bem debaixo de nossos narizes. Se enganou quem afirmava “nunca mais” para os horrores vividos nas décadas de 30 e 40. O genocídio agora é televisionado e retuitado indefinidamente.
Afirmo ser essa a nova bandeira nazista pois o homem não aprendeu com a história (nunca aprendemos nada): em tempos de crise o Leviatã sempre há de se erguer. O que antes bradava em alemão a golpes secos da mão estirada pelo ar, agora esbraveja “Alá é grande” em árabe – por vezes em francês ou inglês - antes da próxima decapitação. A carnificina é globalizada e fala em muitas línguas.
O Leviatã pós-moderno cumpre o mesmo papel que o Partido Nacional Socialista Alemão, aquele de readequar a pertença de pessoas que já perderam a fé, o moral e a crença na matéria e no capital. São os mesmos homens rebaixados e descrentes que se filiaram ao Partido Nazista que agora integram a linha de frente dos exércitos do ISIS, em nome de Alá; mas, como diria Castro Alves, “e ri-se, Satanás!”.
Uma brecha foi aberta na espinha dorsal do Ocidente pela ociosidade dos dias e das vidas, por anos de discussões niilistas sobre a utilidade de bens superiores, da crença ou descrença num mundo oco deixado pela modernidade. Por essa brecha se infestam e alastram os radicalismos, os fundamentalismos, qualquer “ismo” que preencha um vazio de sentido e de liberdade sem sentido. Se não isso, como entender homens e mulheres nascidos na democracia e liberdade de seus estados europeus, abandonarem seus lares e sonhos (pseudo-sonhos?) e partir para a guerra santa proposta pelo Estado Islâmico? Quanto mais cabeças rolarem melhor! A propaganda do ISIS é cinematográfica e enche os olhos de meninas de 15 anos, que passam a acreditar que é sua predestinação aceitar a jihad e faze-la acontecer ao se casar com os bravos combatentes islâmicos. Uma delas chega a afirmar “Deus me permita morrer em seu combate”. Lolita morreria de inveja das jovens musas dos mujahideen.
Quando o professor do filme “A Onda” questiona se seria possível acontecer novamente algo semelhante ao nazismo, um aluno prontamente responde que seria impossível, pois agora já temos o conhecimento da coisa em si. No fim, não há surpresas: a natureza do homem é corrupta e má, o Leviatã sempre vence. Eis Hitler, Stalin e o próprio Mefistófeles encarnados nos homens que decepam gargantas no youtube. A legião de seus seguidores são dos mesmos feitios daqueles nomeados anteriormente: homens e mulheres que buscam um pertencimento num mundo em decadência e sem grandes referenciais. O buraco é preenchido por qualquer coisa que fale mais alto ou brilhe mais forte.
Há dúvidas sobre a decadência moral e religiosa que vivemos hoje? Entre ser um taxista em Paris ou ser um servo da grande jihad em nome de Alá e ganhar, não apenas o Paraiso ao morrer, mas principalmente prestígio e fama em vida na forma de guerreiro, o que o homem comum escolheria? As filas da SS islâmica fundamentalista só engrossam pois vendem um futuro de glória em troca de um presente ordinariamente escroto. Entre ser atendente do Mc Donalds ou uma das esposa do próximo líder do califado, não restam dúvidas às jovens franceses, inglesas e belgas.
Não há como se preparar para o que está por vir. O epíteto da razão marselhesa bradava em versos proféticos o que será regra daqui em diante para aqueles que não se adequarem: “Ils viennent jusque dans vos bras, Égorger vos fils, vos compagnes!”. Parabéns, franceses, vocês plantaram o futuro. Carpe diem.
Um comentário:
A história se repete, não é mesmo?
O Leviatã sempre crescerá a sombra daqueles que querem o poder (a qualquer custo). Não importa se chamam de esses grupos de nazistas, jihaditas, comunistas, facistas, conservadores; todo ideal desaparece na sombra da ânsia pelo poder (ou glória).
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