Você se lembra do desenho "Capitão Planeta"? Nele um grupo de jovens de várias etnias (brancos, negros, amarelos, vermelhos, enfim, todas as "cores do arco-íris") defendia o planeta.
Acho que "Capitão Planeta" deveria ser o patrono dos "novos jovens" que invadiram Wall Street , o Viaduto do Chá e a USP. Estes, então, são ridículos, se acham acima da lei e não querem polícia no campus. Como ficam as alunas violentadas? Devem pedir ajuda para o fantasma de Foucault?
Muito professor-cheerleader é culpado por isso quando fala de "jovens que lutam por um mundo melhor". Este "mundo melhor" é o que eles têm na cabeça e que implica sempre eliminar quem não concorda com eles (o movimento estudantil sempre foi extremamente autoritário).
E não existe "o jovem", jovens são múltiplos e muitos não concordam com os baderneiros que invadiram a Faculdade de Filosofia da USP. Quando você tem 12 anos, um desenho como esse "emociona". Depois dos 18 anos, se você ainda acredita "no mundo do Capitão Planeta", é porque não fez os passos naturais do amadurecimento mental.
A diferença entre eles e a última geração revolucionária de fato (Fidel Castro e Che Guevara) é que enquanto "los hermanos" de Cuba, enfrentaram inimigos à bala, essa moçadinha, que acha que "todas as diferenças podem conviver lado a lado" (até a primeira briga de ciúme entre dois caras pela menina mais gostosa do grupo, aliás, coisa rara nesse meio), ao primeiro tiro correria para casa para brincar com o seu iPad.
A mídia ideológica, cansada do marasmo desde maio de 1968 (aquela "revolução francesa" dos estudantes entediados que acabou numa noite gostosa de queijos e vinhos), abraçou esses "movimentos" como um novo "partido mundial dos jovens".
Engraçado como gente (os "jovens") que não paga suas contas (papai as paga ou alguma instituição) acha que pode "resolver" o mundo.
Para provar a piada, basta lembrar que Wall Street é um reduto do Partido Democrata americano, logo, do Obama, o "Messias avatar" dessa moçada, fato que a maioria desses "invasores" do templo capitalista não sabe.
Esta "invasão" de Wall Street foi uma modinha das grandes cidades da costa americana, assim como seus desfiles de moda, seus chefs de cozinha étnica e seu gosto por clássicos da literatura somali, sem os quais o mundo não seria a mesma coisa...
A "invasão" marca o descontentamento de desempregados e a irritação com os ganhos dos bancos nos últimos anos em meio à crise. No caso dos EUA, ninguém deu ouvidos a eles na "América profunda". A mídia tentou fazer deles representantes da América porque a maior parte da mídia é "Capitão Planeta".
Um objeto fetiche desses caras é a Primavera Árabe. Assim como o restante desses movimentos dos últimos meses, todos diferentes entre si, o árabe pode ter diferenças importantes internas ao próprio mundo árabe.
Peguemos a "secular" Tunísia como exemplo. Berço da "Primavera Árabe", conforme muitos previram, ela deu a primeira vitória das urnas a um partido islâmico (como queríamos demonstrar... Aliás, ao contrário do que a geração de intelectuais "Capitão Planeta" dizia sobre "não haver risco de os islamitas ganharem as eleições"). Islamita é o nome técnico para fundamentalismo islâmico político e/ou "militar".
Apesar de o partido em questão, Nahda, jurar que abandonará suas propostas fundamentalistas (ele era ilegal durante a ditadura "secular" da Tunísia justamente por ser fanático), veremos se suas juras serão verdadeiras.
Especialistas esperam que esses islamitas, quando chegarem ao poder, usem como modelo o partido islâmico moderado da Turquia.
Na Turquia, índices como a presença de mulheres nos quadros funcionais do governo diminuíram significativamente nos anos em que o islamismo moderado turco tem estado no poder. Isso significa uma "islamização" da máquina administrativa. Islamitas tratam as mulheres como animais de estimação.
Ocidentais que não conhecem o Oriente Médio pensam que a maioria da população lá é do tipo "paz, amor e viva a diferença". Pura ignorância.
15 comentários:
Mais uma lição da cartilha do Pondé.
Pondé acha o discurso dos marxistas "demodé" e autoritário; os jovens rebeldes, farsantes e superficiais; o islamismo, bárbaro e atrasado. Ora, onde estaria então a direção? A direção é essa mesma que está posta quando nascemos? No consumo progressivo e predatório do capitalismo; nos jovens conformistas que só querem ter um bom emprego com um bom salário para poder consumir bastante; no catolicismo que apazígua tanto a vida dos que conseguem sucesso como os que não? Pergunto, de novo, onde está a direção? Parece haver uma certa saturação no ar. A vida em sociedade que buscava os revolucionários de antigamente é inviável, a vida que a sociedade global nos oferece nos deprime, a vida que se desvela para o futuro aparenta ser catastrófica. Ora, então se as razões dos jovens ingleses, de Wall Street, da Primavera de Praga e também da USP aparentam ser inconsistentes, certamente, sua origem não é e sua insatisfação também não. Essa sociedade não serve para eles, nem para nós, porque suas promessas revelaram-se mentirosas; seus objetivos, uma armadilha; sua satisfação, impossível. Todos nós guardamos um espaço de caos sufocado dentro da gente. Em tempos de desespero a energia que temos para sufocá-lo torna-se insuficiente. Parece que esse Caos está dando notícias.
Concordo contigo quando fala sobre o Caos. Vivemos imersos nele. Não há mundo melhor, nem utopia nem destopia...
Não é isso que eu sinto quando leio os textos do Pondé, pra mim ele sabe bem o "mundo melhor" que ele escreve, o status quo vigente esta inserido em tudo o que ele diz, é como um primata atacando com unhas e dentes a sua posição privilegiada.
Jõao: se é essa sua leitura, você não entende o que Pondé diz. E outra: posição privilegiada????
Só você entende este "genio".
Afinal quem discorda alguma coisa dos textos dele, só não pode estar entendendo.
Os textos do Pondé quase sempre são confusos e mal articulados, bem como suas entrevistas. Embora eu concorde com muitas de suas ideias, como neste texto, elas sempre acabam ficando mal amarradas, parecendo que ele escreve de última hora e, pior, por obrigação.
Só não entendi o último parágrafo. Nenhum Ocidental considera o Oriente Médio uma terra de "paz e amor", muito pelo contrário. Basta ler os noticiários diariamente. De onde ele tirou essa maldita ideia, eu não sei. Talvez seja fruto de se escrever em cima do prazo e por obrigação, como eu disse...
"Porque bater em estudante com o argumento de que não trabalha e, sob as asas dos pais, ainda não sabe como a vida prática é dura é o mais fácil e covarde dos argumentos (como se só os pais de família, que pagam impostos e vão à missa, reunissem as condições necessárias para se graduar em cidadania para reclamar da vida)." - reportagem de Matheus Pichonelli.
João: quem discorda tem que ter argumento para isso. Ou se cala. Quem não entende, tem que ser humilde para o dizer e também para tentar entender quando está sendo explicado.
Ricardo: Pondé é filósofo, não jornalista ou romancista. Seus textos são extremamente coerentes e lógicos, como só um filósofo sabe fazer. Ele fala aberta e claramente sobre os assuntos e não há nenhum tipo de confusão aí. O seu argumento de "escrever em cima do prazo ou por obrigação" é furado, pois então qualquer articulista de qualquer jornal estaria incluso nesse julgamento.
Já em relação ao Oriente Médio, ele está se referindo à população. E só quem conhece isso de perto pode falar com autonomia sobre o assunto.
Armando: Carta Capital? Jura?! E ninguém falou em pai de família, que paga imposto e vai à missa. Estamos falando de baderna, depredação e de um tipo de estudante que carrega o Livro Vermelho de Mao e ao mesmo tempo veste GAP ou usa bolsa GUCCI. Falta conhecimento, conteúdo e coerência.
"Só não entendi o último parágrafo. Nenhum Ocidental considera o Oriente Médio uma terra de "paz e amor", muito pelo contrário. Basta ler os noticiários diariamente. De onde ele tirou essa maldita ideia, eu não sei." [2]
Flávia: Pondé!? Falha de São Paulo!? Jura!?
As crias do Olavão e da direita católica estão soltas.
Pondé:sim.
Folha: nem tanto.
Olavão: já passou.
Católicismo: depende. TL jamais.
Mas é falta de tato e educação indicar um texto de Carta Capital para alguém que lê Pondé...é praticamente uma heresia, hahahahaha. OU falta de inteligência.
"Todos os homens estão prontos a fazer o impossível quando seus ideais estão ameaçados, mas quando se anuncia um novo ideal, um novo impulso de crescimento, inquietante e talvez perigoso, todos se acovardam." - trecho do livro Demian, escrito por Hermann Hesse.
É neste sentido que usei o termo "posição privilegiada"; quando sua posição (ideais) está em risco o animal ataca com unhas e dentes para conserva-la.
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