Viva o Brasil Capitalista!
Seriam os portugueses “nossos libertadores”? Essa ideia é fruto da leitura de um ótimo livro (e fácil de ler) que chegou às minhas mãos há algumas semanas: “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, de Leandro Narloch (Ed. Leya).
Apesar de não ser um livro acadêmico ( e nem pretender sê-lo), mas jornalístico, o “Guia” é bem documentado com notas bibliográficas fartas.
Já o li há algumas semanas, mas esperei para ver sua repercussão. Quase nula. Claro, tratando-se de uma singular heresia perdida em meio ao mar de unanimidades, só podia sofrer com o silêncio. Ao contrário do que gosta de dizer de si mesmo, o mundo da cultura é preconceituoso, preguiçoso na pesquisa, repetitivo nas ideias, dado a clichês, adora modas, detesta diferenças que fazem diferença, enfim, é quase sempre sectário.
Abaixo, algumas pérolas para sua reflexão. Claro que você pode jogar tudo fora em nome da sacralidade de sua visão da história do Brasil. Uma ideia central do “Guia” é que professores de história costumam pregar suas crenças abertamente em sala de aula, em detrimento de opiniões contrárias as suas, mas amplamente documentadas, porque vêm a si mesmos como combatentes da redenção da ( sua versão de ) humanidade. Quer fazer um teste? Experimente propor algumas das questões apontadas abaixo em um dos seus jantares inteligentes.
A melhor coisa que aconteceu com os índios brasileiros foi encontrar com os portugueses. A população que cá estava vivia num isolamento monstruoso do resto da humanidade e por isso estava quase na idade da pedra. Além de não conhecer a roda, sua agricultura não ia alem de mandioca e similares. Matavam-se entre si, como, aliás, de costume entre nós seres humanos, e tinham um “sistema” de caça que implicava em queimar continuamente a floresta. A fim de obrigar suas vitimas seguirem para o local onde as matariam, nossos ancestrais nativos tocavam fogo na floresta de modo impiedoso, sem nenhuma sensibilidade com o ambiente.
Muitos deles aderiram à vida “portuguesa” abertamente, assumindo seus nomes e hábitos. E por quê? Porque, sendo humanos como nós, fugiam da dor e buscavam uma vida melhor, simples assim. No fundo, nossa relação “de culpa” com essas culturas se dá apenas como infeliz má consciência de nossa parte, e, por isso, queremos que elas continuem a existir como num parque temático que demonstraria nossa redenção, ao mesmo tempo em que as protegeria de nossa evidente violência cultural.
Não há do que se redimir: quando culturas diferentes se encontram, vence a mais forte, isto é, com maior técnica, maior mobilidade para seus membros, enfim, com maior oferta de escolhas e esperanças.
E os escravos? Além de que provavelmente Zumbi repetia os hábitos ancestrais africanos (violência, hierarquia cruel, estupros, roubos), sabe-se que a escravidão tinha a concordância de muitos povos na África. E por quê? Porque era um habito comum, muito antes dos malvados “brancos” lá chegarem. Muitos escravos libertos aqui, além de comprar escravos quando livres, iam trabalhar no comercio de escravos a fim de ficarem ricos. Muitos negros na África lutaram contra o fim do comercio de escravos proposto pela Inglaterra.
O cruel golpe de 64 salvou o Brasil das mãos da esquerda que não era na sua maioria uma amante da liberdade . Se a esquerda tivesse vencido a batalha, nos teria mergulhado em regimes semelhantes ao chinês , ao soviético e ao de Pol Pot (Camboja).
Por isso mesmo, ela teria caçado de modo brutal a tal liberdade que dizia defender. Esse fato é tão obvio que devia nos levar às gargalhadas.
De Prestes (o “Guia” documenta de modo pontual o caso da menina Elsa, morta brutalmente por Prestes e seus asseclas) aos seus descendentes dos anos 60 e 70, roubos e assassinatos foram cometidos em nome desta farsa. Mesmo a famosa “coluna Prestes”, por onde passava, matava, estuprava e roubava, como qualquer bandido.
Nada disso é racista, ou nega o sofrimento das vítimas, ou a violência ocorrida, apenas amplia a reflexão histórica.
Enfim, a verdade é quase sempre banal: a vida é imperfeita e o ser humano muitas vezes risível. Sim, isso muitos vezes, me tira a esperança. Mas não sou um niilista. E por quê? Porque não sou preguiçoso. Muitas vezes, gostar de trabalhar é a ultima fronteira contra o desespero. Um otimista preguiçoso não vale nada.
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