sábado, 31 de dezembro de 2011

Gênio do humor e do suspense




The Birds.
Inacreditável como pode ser ao mesmo tempo terrível e cômico.
Coisas de gênio.
I love you, Hitch.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Filmes


Henry & June
Philip Kaufman
1990

Lindíssima e delicada interpretação de Maria de Medeiros para a escritora Anaïs Nin. Uma Thurman - jovem e linda - também se destaca no papel da gloriosa June Miller. E o triângulo amoroso se fecha com Henry Miller, interpretado por Fred Ward.





Em nome de Deus
Stealing Heaven
1988
Clive Donner

Bela e trágica história verídica do romance de Abelardo e Heloísa, vivida em meados do século XII.
Ele, filósofo e tutor; ela, jovem e aprendiz. A típica - mas nem por isso ordinária - história de amor medieval termina em tragédia quando o tio de Heloísa descobre o romance e manda castrar Abelardo. A essa altura, o casal já havia tido um filho (Astrolábio - "que mede a distância das estrelas e do paraíso") e casado em segredo. Abelardo então decide virar monge e Heloísa se torna freira.
Pena que o filme não conseguiu apreender toda a beleza, angústia e delicadeza que a história merecia, beirando, inclusive, ao mau gosto (típico dos filmes dos anos 80).

Abelardo e Heloísa estão enterrados no mesmo túmulo, um dos mais visitados do cemitério Pére Lachaise, em Paris.

Fujo para longe de ti,
evitando-te como a um inimigo,
mas incessantemente
te procuro em meu pensamento.
Trago tua imagem em minha memória
e assim me traio e contradigo,
eu te odeio, eu te amo."
Carta de Abelardo a Heloísa.

"É certo que quanto maior é a
causa da dor, maior se faz
a necessidade de para ela
encontrar consolo, e este
ninguém pode me dar, além de ti.
Tu és a causa de minha pena,
e só tu podes me proporcionar conforto.
Só tu tens o poder de me entristecer,
de me fazer feliz ou trazer consolo."


Carta de Heloísa a Abelardo






quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

No heart

Quem não é socialista antes dos 30 não tem coração. Quem é socialista depois dos 30 não tem cabeça.
Churchill




Perdi meu coração aos 20 anos. 

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O horror, o horror

Há algum tempo não me deparava com um filme tão absurdamente ruim: Little Ashes - Poucas Cinzas, traz a história até então pouco conhecida do romance dos jovens Salvador Dali e Federico Garcia Lorca.
Mas a história vai parar por aqui, pois não vale a pena ser contada. Não da maneira que este filme trouxe. Tudo é ruim: os atores - a começar pela angustiante escolha de Robert Pattinson para o papel de Dalí -  a música, o enredo, enfim, praticamente nada se aproveita. O filme acaba por fazer ode à "homoafetividade" (termo politicamente correto para sexo gay) e despreza a genialidade de Luis Buñuel, retratado no filme como fascista e antirrevolucionário.

Totalmente dispensável.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

sábado, 17 de dezembro de 2011

Feist

                     Uma das melhores músicas no novo Cd da Feist.
 Delicioso Cd.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Diário de bordo

Viajar bem é loteria. Nunca se sabe o que vai acontecer.
Já consegui assisitir bons filmes no ônibus. Nunca me esqueci de um filme dos anos 60, chamado Barefoot in the park. Um típico filme dessa década.
Mas na semana passada os motoristas deveriam estar melancolicamente afetados. Durante as 5 horas de viagem me distrai entre Cidade dos Anjos e Outono em NY. No mesmo dia, na volta, provavelmente acometido por um sentimento mais trágico (no senso comum), foi passado Vôo United 93. Resumo da ópera: sem chances de sobreviventes em nenhum dos filmes.
E eu cheguei muito bem disposta em meu destino.

Hoje fui muito bem acompanhada de Nelson Rodrigues e A Cabra Vadia durante metade da viagem. Enquanto isso, Marley e Eu embalava - entre um soluço e outro - a viagem da garota na poltrona da frente.

domingo, 30 de outubro de 2011

Um Conto Chinês


Um Conto Chinês
Un Conto Chino
Sebastián Borensztein
2011

Filme para fazer flutuar.
O cinema argentino é craque - e nessa quesito dá de 10 a 0 no Brasil - no que diz respeito à alma humana. De forma simples e clara, consegue transformar uma história banal em uma história inesquecível.
E afinal, não é exatamente isso que os gênios fazem: transformar o cotidiano inexpressivo em poesia?
Ei-lo.

sábado, 29 de outubro de 2011

Genealogia amorosa-musical

Minha vida, ultimamente, tem sido dividida entre trabalho e viagem.
E quem viaja sabe: tem-se muito tempo para pensar na estrada (principalmente para quem nem sempre consegue ler ou dormir, como eu).
E em algum momento dessas 18 horas por semana cheguei à conclusão que meu gosto musical foi (muito bem) composto através de minhas parcerias amorosas.

Fim dos anos 90: Pink Floyd, Metallica, Kiss
Passagem para o 2000: Itamar Assumpção, Alceu Valença, Walter Franco
                                   : Chico Buarque, Ivan Lins, Caetano Veloso, Tetine, Gershwin
                                   : Demônios da Garoa, Ceumar, Zeca Baleiro, Mestre Ambrósio
2001-2004: David Bowie, Sidney Magal
                 : Aretha Farnklin, Mark Knopfler
Desde de então: Los Hermanos
                        : Camille, Jamie Cullum, Air, Trio Curupira, Djavan, Diana Krall
                        : Cranberries, Amy Winehouse, Eddie Vedder.


 E viva a ecleticidade!



domingo, 9 de outubro de 2011

Saul Steinberg

Em exposição na Pinacoteca de São Paulo, até 06 de novembro.
Linda exposição do mestre da linha.


 Sem título, 1948



 Artistas e guerra, 1969




 Garota na banheira, 1949



 Trem


 A Galinha, 1945



Cowboys, 1952.



sábado, 1 de outubro de 2011

Uma noite em 67

Uma noite em 67
Documentário, 2010
Renato terra, Ricardo Calil




O que aprendi com este documentário:
A música que ganhou o festival - Ponteio, de Edu Lobo - é hoje uma ilustre desconhecida.  Uma pena.
Gilberto Gil ficou mais lesado que Ozzy Osbourne.
Roberto Carlos fica adorável cantando samba.
Eu faria o mesmo que Sérgio Ricardo. 



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Entre a Graça e o Niilismo

Melancolia, de Lars von Trier e A Árvore da Vida, de Terrence Malick são filmes essenciais.
Melancolia já causou furor logo em sua estréia, em Cannes deste ano, por conta da declaração mal-interpretada de von Trier sobre Hitler. Apesar disto tê-lo tirado da competição, ajudou a divulgar o filme em todas a mídias. Mas não é esse o foco.
Melancolia é o filme mais niilista que já me deparei. Senti isso ao sair do cinema. Minhas pernas estavam presas ao chão, não conseguia me levantar ou mexer. Senti os fios de lã que a personagem Justine mencionava no filme. Personagem, aliás, maravilhosa: a própria encarnação da melancolia.

Em contraposição, A Árvore da Vida me pareceu um filme redentor. Entre a graça e a natureza, estamos nós no meio. Porque não faço o que quero e sim o que abomino? A atmosfera cristã que perpassa o filme todo é delicada mas persistente. As imagens belíssimas, a voz em off.
E no final de tudo só nos resta uma alternativa: permanecer nas mãos divinas. Pois do nada viemos e para o nada vamos.
Somos o pó do pó. E Ele é Aquele que sabe disso.

domingo, 4 de setembro de 2011

Lars Von Trier

das páginas amarelas da Veja:

Qual será seu próximo filme?
Vai se chamar Ninfomaníaca.
E do que se trata?
De uma nifomaníaca, ora, e de sua trajetória erótica. Prevejo que mulheres de todos os cantos do mundo vão querer me estrangular.


Hahahaha. Ei ri alto. Gosto cada vez mais de von Trier.

Exit Through the Gift Shop

Falar de arte não é uma tarefa simples.
Dar aula sobre isso então...é árduo (apesar de prazeiroso também).
A arte não está na ordem do dia - aliás, nunca esteve. Quando o aluno gosta, não há problema. O difícil é mostrar o sublime para aqueles que se interessam apenas por números ou cifras ($$$).
E foi então que me deparei com o documentário Exit Through the Gift Shop. Na verdade, quando o filme foi lançado e participou do Oscar dete ano, fiquei extremamente empolgada pois sempre gostei muito da arte de Banksy, mas pouco sabia sobre ele. Imaginei que ao assisitir esse filme conheceria mais sobre a arte/vida desse artista que não mostra o rosto jamais.
Puro engano.
Aquilo que começa como um documentário sobre a vida de Banksy se trasnforma num filme feito por Banksy sobre o cara que iria filmá-lo. Inesperado. Mais inesperado ainda é o rumo final do filme, que não vou revelar.
Mas o que seria uma discussão sobre arte de rua se transformou numa discussão sobre o que é arte e como chegamos a valorá-la (existe esse termo?) nas grandes galerias do mundo.
E assim volto à questão inicial: não há como obrigar ninguém a gostar de arte ou fazer com que entendam a importância dela para a vida se tornar suportável. Isso é uma descoberta individual.
Mas uma coisa o filme torna verdadeira: quem gosta de cifras ($$$) também pode gostar de arte, rs.
P.s.: o título já explica tudo.

Meia-Noite em Paris

Quando fui assistir a este filme não havia lido nada sobre, críticas ou resenhas, e tinha apenas em mente que deveria vê-lo por ser o último filme de Woody Allen. E isso já me bastava.
Minha surpresa foi tão agradável, tão imensa e deliciosa que jurei a mim mesma nunca mais ler sobre os filmes que desejo assistir, unicamente para ter o prazer da surpresa, o deleite da novidade e a exclusividade da primeira vez.
E assim foi com Meia-noite em Paris: o filme mais delicioso de todos os tempos, a história que eu gostaria de ter vivido ou ao menos escrito e filmado.
O sorriso que ficou estampado em meu rosto durante os 100 minutos de filme diz muito mais que críticas, resenhas e resumos. 
Como já ouvi ou li por aí: obrigada, Woody Allen, por tornar meus sonhos realidade!


domingo, 28 de agosto de 2011

Redenção dominical

Não gosto de domingo. Nunca gostei.
Pra quem mora fora das grandes cidades é um dia morto: nada funciona, a rotina não funciona.
Hoje foi diferente. O dia de sol convidou a um passeio inusitado: andar de maria-fumaça.
Para chegar até a estação, os passageiros devem atravessar a feira livre do centro da cidade (parada obrigatória nas melhores bancas de pastel japonês), passar pela antropológica feira-do-rolo para então chegar à linha férrea  - que já teve seus tempos de glória e hoje é reduto dos "vida-loka" do crack. 
Um passeio simples, curto, mas muito saudosista. Eu ainda tive o grande privilégio de, quando criança, andar de trem, Nunca me esqueço. E hoje isso, de certa forma, voltou à lembrança.
Salvou o domingo.












domingo, 21 de agosto de 2011

sábado, 30 de julho de 2011

Katyn

Katyn
2007
Andrzej Wajda

Excelente filme sobre o massacre de oficiais poloneses, cometido no início da Segunda Guerra Mundial, pelos soviéticos.
A cena inicial é uma das passagens mais marcantes de todo o filme: uma ponte. Em cada uma das extremidades, famílias inteiras correm com malas, crianças e tudo o que conseguem carregar. Ao se encontrarem no meio da ponte, cada pequena multidão tenta advertir o outro bando: de um lado, fugitivos dos nazistas alemães; do outro, dos comunistas soviéticos. E eis o dilema popular: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
O enredo do filme foca na mentira comunista de tentar divulgar os sumários assassinatos dos oficias poloneses como sendo uma obra dos nazistas, que por sua vez, culpam os soviéticos. Nesse jogo de empurra, sobra apenas a multidão de corpos nas valas comuns da floresta de Katyn.
Mais verdadeiro do que este, apenas o documentário "A História Soviética", que mostra fotos e cenas reais do massacre dos ucranianos por Stálin.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Entrevista

 Entrevista divertidíssima com Pondé.
Dá-lhe humor negro!


O filósofo e ensaísta pernambucano Luiz Felipe Pondé mostra, em uma bem humorada entrevista para a nossa blogueira Tati Bernardi, porque é considerado um dos mais polêmicos colunistas brasileiros da atualidade. Pondé escreve semanalmente para a Folha de S. Paulo.

O QUE VOCÊ DIRIA PRA QUEM TE ACHA PRECONCEITUOSO E ELITISTA?
Eu diria que não tô nem aí pra quem acha isso. O debate intelectual deveria ser elevado, para muito além do “não pode ter preconceito, é feio”. Todo mundo tem e não discutir isso é muito limitador e estúpido. Ninguém debate de fato as angústias e as questões com medo de não ser bonzinho. O mundo virou uma grande empresa com a equipe de recursos humanos trabalhando o tempo todo para nos motivar e melhorar. Isso até se entende dentro de uma empresa, mas na vida é ridículo. Eu sou preconceituoso e você também é, está no nosso DNA.
COMO É O AEROPORTO DOS SONHOS PRA VOCÊ?
Mais vazio, sem aquele “frisson” das pessoas querendo mostrar que são felizes, sem aquele povo brega batendo foto dentro do avião, fazendo pose com aquela comida horrorosa. Muita gente tem medo de voar e essa tensão somada a uma atmosfera de atrasos e lotações, é um horror.
Sou a favor de ter todo tipo de gente dentro do aeroporto. O capitalismo tem mesmo que crescer e dar direito igual a todos que batalharam por um lugar ao sol. Mas me dou ao direito, como ser pensante, intelectual e jornalista, de achar que o aeroporto virou um horror. Me dou ao direito de não querer fazer parte disso, estar junto dessas pessoas.
Essa opinião me fez receber vários e-mails de gente que me detesta. Uma coluna de domingo da ombudsman da Folha, cujo tema foram os colunista, era sobre meu bode de aeroportos. Mas o secretário de redação respondeu encerrando o assunto: quem gosta de zona de conforto não lê o Pondé.
Não sou contra o cara brega, barulhento e mal educado estar no avião, eu só sou a favor do meu direito de não estar lá aturando isso. Simples assim. E te garanto que muitos intelectuais defensores do povo, bonzinhos, pensam como eu mas não pega bem falar.
Você lembra da pizzaria Grupo Sérgio? É o tipo de lugar que não me incomoda que exista, mas eu jamais iria lá. Ou pior ainda: eu jamais iria pra dizer que é legal, que é bonito, conviver com todo mundo. Existe confronto entre classes sim. Isso é óbvio!
VOCÊ NÃO GOSTA DE POBRE?
Não é nada disso. Entenda: eu não tenho nada contra ninguém, eu só tenho bode de quem frequenta lugar barulhento e brega pra dizer que é bonzinho e não tem preconceitos. Quem gosta de pobreza é intelectual. Pobre gosta é de deixar de ser pobre! Eu sou menos preconceituoso e escroto do que quem diz que não é. Fingir que não tem preconceito é ser idiota.
Já fui abordado por mais de uma pessoa simples que me disse “te admiro muito, não é porque sou proletário que eu não gosto e não entendo o que você fala”.
O puritanismo cristão e os babacas intelectuais com seus pensamentos corretos, todo mundo tão cheio de boas intenções, o sexo sustentável com seus preservativos biodegradáveis, a picanha que atrapalha a iluminação do ser na hora de fazer uma aula de yoga, isso tudo só vai deixando todo mundo mais angustiado e limita o discurso a respeito do ser humano. Quem aguenta tanta bondade?
VOCÊ GOSTA DE APARECER? VOCÊ SE ACHA UMA CELEBRIDADE?
Ser reconhecido na rua, ter foto na mídia…não! Mas ter o meu pensamento reconhecido, sim. Não escrevo para ser polêmico, como muitas pessoas acham. É realmente o que eu penso e sempre sonhei em escrever para um jornal, dizer o que eu penso. Nunca quis ser apenas um intelectual dentro de universidades, sempre quis levar o que penso e estudei para as mídias. Claro que existe vaidade, gosto do reconhecimento, gosto de receber muitos e-mails. Minha mulher e minha filha ficam incomodadas quando mulheres me abordam nas ruas. Por isso não gosto muito da exposição física, prefiro a exposição das ideias. Acho ótimo, por exemplo, a Folha não colocar foto dos colunistas.
VOCÊ ACHA TODO MUNDO IDIOTA? VOCÊ SE ACHA SUPERIOR?
O ser humano é idiota e absolutamente igual. A profissão mais fácil que existe é adivinhar o futuro. Quando estou em alguma conferência, sempre brinco “sinto uma energia nessa sala de alguém com problema de baixa auto-estima”. Todo mundo tem baixa auto-estima. É impossível se amar, somos todos desgraçados. Somos mortais, invejosos, preguiçosos, preconceituosos, medrosos, infelizes, frustrados. Fracassamos, levamos foras, sofremos.
VOCE É DEPRIMIDO? TOMA ALGUM REMÉDIO?
Ninguém procura a infelicidade, mas mesmo assim ela sempre nos encontra. Eu nunca tive depressão e nunca tomei nenhum remédio. Mas não sou contra eles existirem, a vida pode ser tão difícil! Se existe algo que te ajuda a sair da cama, por que não? Eu não preciso disso porque só faço o que estou a fim e não tomaria nenhum remédio pra me ajudar a fazer o que não estou a fim.
COMO ENTRAR NUM AEROPORTO LOTADO, POR EXEMPLO?
Eu tenho a Síndrome do aeroporto. Eu chego lá e fico com tanto bode que eu dou meia volta e volto pra casa. Ligo avisando as pessoas que me esperam “olha, não rolou”. Eu me retiro do lugar antes que eu passe mal de tanta irritação.
QUEM PENSA MUITO FAZ MENOS SEXO? COMO É SUA VIDA SEXUAL?
O ser humano é masoquista ao ponto de sempre achar que o mundo inteiro está trepando e gozando loucamente enquanto ele está trabalhando, solitário e infeliz. Isso é uma fantasia…mas é verdade que antigamente as pessoas transavam mais e melhor. Tinha menos coisa pra fazer e mais tempo livre pra ficar de sacanagem.
Ah, e esse papinho de “liberdade sexual” que chegou com a pílula foi só para a classe média porque os pobres já transavam loucamente desde sempre.
PONDÉ, VOCÊ ESTÁ FILOSOFANDO, MAS NÃO ESTÁ RESPONDENDO…SUA VIDA SEXUAL É OU NÃO…
É o quê? Plena? O que é vida sexual plena? Mais uma invenção chata do homem feliz? Sexo gostoso tem a ver com culpa, proibição, isso dá muito mais prazer que fazer amor num gramado florido. A imagem do cara que transa muito e com todas, vendida como o cara saudável, o macho alpha, é falsa. Transar demais e com muitas mulheres banaliza o momento do gozo. E é mentira que o homem só pense nisso, talvez um garoto de 15 anos, mas um homem tem outras coisas pra fazer.
VOCÊ TEM PRECONCEITO COM HOMENS BEM SUCEDIDOS TAMBÉM?
Muitos deles acham que são “o tal” por causa da grana, do carro, do apartamento, da viagem pra Paris. Mas uma pessoa que você conquista com dinheiro é a pessoa mais barata que existe. O amor é caríssimo, por isso tantas mulheres com sede.
O verdadeiro homem alfa é o que sabe que, para encantar verdadeiramente um mulher que valha a pena, não basta levar pra Paris, é preciso também não ser um idiota com um papo chatérrimo.
Mulher gosta de intelecto, diferente do homem que não se seduz por isso.
VOCÊ ACREDITA EM ALGUMA COISA?
Que não dá pra ser outra pessoa além dessa desgraça que você é. Não se ilumina, não se faz sexo pleno, não se para de sentir inveja, medo e de se odiar. E eu acho elegante acreditar em Deus também, e sempre falo para os meus alunos lerem a Bíblia. Não sou religioso e acho grande parte do discurso religioso uma fuga para não pirarmos ao pensar que estamos aqui sem nenhum sentido, mas ainda acho elegante acreditar em Deus e ler a Bíblia.
VOCÊ É A FAVOR DA FRANÇA PROIBIR O USO DA BURCA. É SÓ PRA SER POLÊMICO OU VOCÊ TEM PRECONCEITO COM MUÇULMANOS?
A burca é uma manifestação do fundamentalismo islâmico e não do islamismo. Não sou contra o véu, aliás acho que as mulheres ficam lindíssimas e super sexy com ele. Sou contra o fundamentalismo. Nenhuma mulher, pode perguntar, que é obrigada a usar a burca gosta de usar a burca. O mundo moderno é um lixo, mas ainda é melhor do que qualquer coisa que passe perto do fundamentalismo. A França veio com esse papo da “lei da visibilidade da pessoa” e isso constitucionalmente é impecável, mas não passa de uma brecha do ponto de vista técnico. Sim, o que eles têm é medo! Mas é do fundamentalismo islâmico e não do islamismo. O francês tem cada vez menos filhos enquanto os muçulmanos estão lá, enchendo a cidade de pessoas com costumes e crenças completamente diferentes das dos franceses. Óbvio que isso dá um pânico. E tem que dar mesmo. Ser a favor da burca é o mesmo que ser a favor das mulheres mutilarem o clitóris, é o mesmo que um país aceitar que suas mulheres mutilem seus clitóris.
O QUE VOCÊ ACHA DO BONO VOX?
Você perguntou anteriormente se eu recebo muitos e-mails de gente me xingando. Eu prefiro do que alguns elogios…uma vez um cara falou que eu era o “Bono Vox da filosofia”. Bono Vox é o cara mais chato e brega que existe. É de um mau caratismo profundo amar todo o mundo. É o mesmo discurso do Obama.
VOCÊ ACHA O OBAMA UM MAU CARÁTER?
Acho ele um cara ingênuo e um mau administrador. Ele quer ser gostado e isso nunca pode ser uma boa coisa.
UMA VEZ LI UMA ENTREVISTA SUA E ME PARECEU QUE VOCÊ DEFENDIA AS GUERRAS.
Não existe ser humano em paz e muito menos um país em paz. A Dinamarca é feliz? Mas vai ver o tamanho dela. Agora querer que a China, que o Brasil, que os EUA, que a Rússia vivam em paz, é estupidez. O ódio, assim como a guerra, não são coisas que eu defendo, apenas sei que eles existem e não os nego. As guerras são necessárias, são humanas e não adianta intelectual vir defender o contrário disso pra ter fãs e ser “do bem”.
RAPIDINHAS MALUCAS PRA QUEM TÁ COM BODE DE TANTA FILOSOFIA:
- o que você jogaria num padre?
Nada de especial, não tenho raivas especiais contra padres, já num vegetariano radical eu jogaria uma picanha mal passada…
- Uma palavra de fé para Bono Vox
Deixe de ser tão politicamente correto que enche o saco depois dos 15 anos de idade…
- Se eu estivesse te entrevistando de burca, você me mandaria ficar pelada?
Com certeza…
- Quem lê “Em Busca do Tempo Perdido” perde um tempo precioso em que poderia estar trepando loucamente?
Não. Às vezes, uma boa leitura pode ser melhor do que uma mulher ou um cara chato e carente que pega no seu pé…
- O único jeito de uma intelectual ter a bunda dura é fazendo agachamento segurando a coleção completa da Barsa?
Não, melhor as obras completas do Freud.
- O homem deu errado. Mas o que uma mulher deve fazer pra dar pra ele mesmo assim?
Ser doce, generosa e não encher o saco dele com demandas infinitas, não ser uma control freak…
- Tô pensando em me matar depois da nossa conversa, você iria ao meu velório? Já te aviso de antemão que só vai ter pobre.
Sem problema com os pobres, pior são os pobres de espírito e os novos ricos… mas não se mate ainda.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Aos 27

Trechos de um texto de Pondé sobre Amy Winehouse:

E Amy não faz ridiculo de boazinha, coisa rara na cultura dominada pela breguice. [...] Haja saco para roqueiros que cantam em nome de um mundo melhor.
A imagem de astros pop morrendo de overdose nos anos 60/70 fazia parte da ética contra o sistema. De lá para cá a caretice de se preocupar com o corpo tomou conta do mundo. E artista bonzinho é artista fraquinho.
Não é que se morrer de overdose voce é talentoso. Pode ser apenas mais um idiota da fila.
A virtude básica da tragédia é a coragem de viver sabendo-se amaldiçoado pela finitude e pela falha trágica, ou seja, a desmedida ( hybris, em grego antigo ). A desmedida é o passo que leva o herói a maldição, o exagero passional, a revolta diante do destino.
Estamos todos condenados a gargalhada da morte. A diferença é quem ri de volta para ela, dançando, ou quem chora de medo.
Por isso Nietzsche dizia que o que move a vida da maioria é o ressentimento diante da gargalhada da morte que nos humilha.
Aristóteles já dizia que o terror trágico (a desmedida, o desespero, a morte) que toma conta dos heróis nas tragédias gregas, nos contamina e nos enlouquece de paixão (pathos) por eles. Mas por que?
SIMPLESMENTE PORQUE ELES NÃO PARECEM TER MEDO COMO NÓS.

 Meu álbum preferido.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Escorpiões da alma

Freud, Além da Alma
John Huston
1962

Freud é um daqueles seres que entortam nosso mundo up side down. Meu conhecimento sobre psicologia ou psicanálise não ultrapassa o ordinário, mas confesso que depois deste filme pensei seriamente em fazer análise.
O filme retrata de uma forma bastante didática como se deu o surgimento de uma das maiores e mais complexas teorias sobre o lado escuro humano: a descoberta do inconsciente, o acesso a ele e, em consequência, a elaboração do Complexo de Édipo.  
Não vou aqui tecer delongas sobre o que sabemos ou não sobre a mente humana , mas uma das cenas mais marcantes do filme é aquela em que o velho professor de Freud, que não dá crédito às pesquisas sobre a histeria que Freud vem desenvolvendo, mostra-lhe uma caixa que guarda entre os livros da biblioteca, repleta de um conteúdo bastante inesperado: escorpiões. Ao abri-la diz algo do tipo: é melhor que os escorpiões permaneçam na escuridão.
Fiquei a imaginar até que ponto é bom, saudável ou necessário revirar nosso incosnciente para sanar traumas escondidos. Não consigo chegar a uma conclusão. Ao mesmo tempo que "a verdade liberta", o conhecimento também traz a desgraça. Quanto mais sabemos, mais de perto vemos o mal.
O filme é excelente, a teoria é assustadora e a escolha fica a critério de cada um.

Eu quero viver no Velho Oeste

True Grit
Bravura Indômita
2010
Joel and Ethan Coen
Eu devo estar no lugar errado, no tempo incerto. Deveria ter nascido no Velho Oeste norte americano, lugar onde os homens têm coragem, a lei funciona na base da honra e as mulheres são uma mistura de animal selvagem e inocência. 
E assim condecoro Bravura Indômita como o último suspiro do bom e velho bang-bang americano. Claro, não poderia ser diferente sendo feito por quem foi ( a não ser fosse de Clint Eastwood. Aí não teria comparação). Mas sou suspeita para falar dos Irmãos Coen. Gosto de praticamente tudo que fizeram. Esse não ficou atrás. Da citação de proverbébios que abre o filme à música final que o encerra, tudo cabe perfeitamente bem nessa história. 
Agora é correr para ver o original antes que as férias acabem.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Good

Um Homem Bom.
Good.
Vicente Amorim
2008

Confesso que demorei tempo demais para assistir a este filme. Não consegui vê-lo no cinema e depois disso, por um motivo ou outro, acabei deixando passar. Mas o texto de Pondé desta semana acabou por me lembrar dele.
Este é um daqueles filmes que revertem a ideia pronta que tem-se sobre algo, neste caso o nazismo. Assim como "O Leitor", o filme humaniza as pessoas que fizeram parte do regime totalitário e mostra como é possível uma pessoa boa fazer parte de algo não tão bom assim. O cotidiano, o frio dia-a-dia caseiro familiar, a vida acadêmica, tudo é colocado como a mola propulsora que impulsiona a vida ordinária a algo maior: o Parido Nacional Socialista.
Por vezes o personagem principal, interpretado por Viggo Mortensen, me pareceu bobo e ingênuo demais para um acadêmico, mas a sua bondade é inquestionável: cuida da casa, cozinha, aguenta uma mulher neurótica, uma mãe doente e dois filhos. Mesmo quando abandona sua mulher por outra mas jovem e bonita (of course) ele não permite que a ex-mulher se retrate: a culpa é toda dele. O bom homem. Good.
E assim, deste tipo - e de outros - o nazismo foi se solidificando e construindo seu império holocáustico.
Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra. 

ps: palmas para o diretor brasileiro Vicente Amorim, que também participou de "Brincando nos Campos do Senhor".

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cópia Fiel



Copie Conforme
Cópia Fiel
Abbas Kiorastami
2010

Qual o verdadeiro valor da cópia de uma obra arte? Seria o copista, o fraudador, tão genial quanto o autor original?Qual a diferença entre a cópia e o original? E na vida?
Cópia Fiel, do iraniano Kiorastami é uma obra de arte para se apreciar a vida.
As primeiras cenas me fizeram relembrar de "Antes do Pôr-do-Sol", de Linklater, onde a câmera percorre as ruas e os personagens de frente, sempre em movimento, andando e conversando, e agindo e gesticulando e discutindo.
Os personagens: um escritor inglês e uma dona de galeria de arte francesa que vive na Itália. O cenário não poderia ser mais belo: a Toscana.Tudo se passa em uma única tarde de passeio e diálogo entre estes dois personagens, que deixam as ruas vazias da cidade para ir a um lugarejo mágico - Lucignano - habitado por noivos e noivas fazendo juras eternas de amor.  A vida a dois se expõe e salta aos olhos.
E neste momento algo se rompe. Os personagens se confundem, nos confundem, passam a conversar ao mesmo tempo em inglês, frânces e italiano. Já não se sabe mais o que é real e o que é falso. A ficção se funde à realidade e a cópia ao original.
É um filme que merece uma segunda chance aos primeiro olhares.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Inverno da Alma

Inverno da Alma
Winter's Bone
Debra Granik
2010

História mais do que trágica (no senso comum da palavra), embalada por belas e tristes canções countries, Inverno da Alma é um filme noir. Country-noir.
A história se desenrola no interior do Missouri, EUA. A vida é rodeada pela pobreza, escassez e gelo. De gelar os ossos da alma.
Ree, uma adolescente de 17 anos se vê responsável pela criação de dois irmãos mais novos e pelos cuidados com a mãe incapacitada pela dureza da realidade. O pai, um traficante local de speed, sumiu depois de colocar a casa da familia como pagamento de fiança. O trabalho de Ree agora é achar o pai para não perder a única coisa que ainda a mantém presa à realidade familiar.
A trama se desenvolve através de personagens carrancudos e tristes, embrutecidos pelo cotidiano local. Uma das poucas cenas de alento é a de abertura, onde as crianças brincam embaladas por uma voz em off feminina, que canta sem acompanhamento instrumental (de gelar as entranhas) e mais adiante, na metade do filme, quando Ree presencia uma festa onde a mesma voz feminina, agora encarnada numa senhora rechonchuda, canta acompanhada pelos clássicos instrumentos do sul dos EUA, entre eles o banjo.
O final é surpreendente e dramático. Hibernação da alma.

domingo, 3 de julho de 2011

Gainsbourg - Vie héroïque

Tive acesso a este filme em São Paulo há alguns meses e só agora a Bravo! criticou.
Um longa sensacional sobre a vida e obra de Serge Gainsbourg, um dos maiores artistas do século XX.
Destaque para a parte onírica do filme, que conta com dois personagens-bonecos alteregos de Gainsbourg e para os momentos de criação dos clássicos como Je T'aime moi non plus e minha interpretação favorita de La Javanaise.

http://youtu.be/QWlo66nw8Bk

O título original ,Gainsbourg, Vida Heroica, chega aqui com a parca tradação de Gainsbourg - O homem que amava as mulheres.  
Vale pela atuação do protagonista, incorporado por Gainsbourg e , claro, pelas músicas.