Sim. Se defrontar com um filme é ter uma experiência. Empírica, sinestésica, kinética.
E para que essa experiência se torne verossímil, não só se faz necessário os atos do diretor, a atuação dos atores, a dedicação da produção, mas estar no cinema é também parte disso.
O cinema como lugar público de experiência estética é pensado de forma a elevar o espírito e prepará-lo para receber o filme. Pelos menos é o que eu sempre esperei ao estar no cinema: luz, somente aquela vinda da tela gigante. Som inundando a sala por todos os lados. Uma poltrona confortável. Eis o um momento para mim sempre único e inigualável.
Mas eis que minha ingenuidade naif (não, não é um pleonasmo) se desfaz a cada mastigar crocante das pipocas em volta de mim, a cada barulhinho irritante de pacotes, sacolas e embalagens se abrindo.
Ok, não me esqueço que o cinema é também indústria cultural e que nesse pacote se inclui tudo aquilo que cabe a ele: junkie food, Coca Cola, bitocas de namorados.
O que quero dizer é que nem sempre o pacote veste bem em todos os estilos de filmes. Não me imagino mastigando pipoca e assistindo "Anticristo" ou "Azul é a cor mais quente". É incabível não apenas pelo ridículo da cena (engasgaria com o que quer que fosse às primeiras imagens) mas porque a experiência estaria comprometida.
O cinema às vezes te exige corpo e alma.
Que não fiquemos apenas nas migalhas.
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Um comentário:
Excelente!
GK
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