domingo, 23 de fevereiro de 2014

A experiência do cinema

Sim. Se defrontar com um filme é ter uma experiência. Empírica, sinestésica, kinética. 
E para que essa experiência se torne verossímil, não só se faz necessário os atos do diretor, a atuação dos atores, a dedicação da produção, mas estar no cinema é também parte disso.
O cinema como lugar público de experiência estética é pensado de forma a elevar o espírito e prepará-lo para receber o filme. Pelos menos é o que eu sempre esperei ao estar no cinema: luz, somente aquela vinda da tela gigante.  Som inundando a sala por todos os lados. Uma poltrona confortável. Eis o um momento para mim sempre único e inigualável. 
Mas eis que minha ingenuidade naif (não, não é um pleonasmo) se desfaz a cada mastigar crocante das pipocas em volta de mim, a cada barulhinho irritante de pacotes, sacolas e embalagens se abrindo. 
Ok, não me esqueço que o cinema é também indústria cultural e que nesse pacote se inclui tudo aquilo que cabe a ele: junkie food, Coca Cola, bitocas de namorados. 
O que quero dizer é que nem sempre o pacote veste bem em todos os estilos de filmes. Não me imagino mastigando pipoca e assistindo "Anticristo" ou "Azul é a cor mais quente".  É incabível não apenas pelo ridículo da cena (engasgaria com o que quer que fosse às primeiras imagens) mas porque a experiência estaria comprometida. 
O cinema às vezes te exige corpo e alma. 
Que não fiquemos apenas nas migalhas. 


Filmes dos últimos dias:

Her
Spike Jonze
2013

Trem noturno para Lisboa
Billie August
2013



Um comentário:

Gugu Keller disse...

Excelente!
GK