quarta-feira, 28 de março de 2012

Pina

Wim Wenders é um dos grandes cineastas de nosso tempo. É responsável por obras-primas como Paris, Texas e Asas do Desejo. Mas o que mais admiro nele é seu bom gosto pela arte. Difícil definir arte, não? Como falar que alguém tem bom ou mau gosto artístico se afinal isso depende exatamente do "gosto"? Cada época, cada espaço no tempo tem sua própria tendência pelo gosto mas sempre seguimos algo já proposto (só se foi original na antiguidade, o resto é cópia ou contra-cópia). De qualquer forma, Wim Wender entende como ninguém como unir os elementos que compõem um filme e como dispor deles de forma divina. 
Já fez isso com a música ao documentar o grupo Buena Vista Social Club, ou antes com O Céu de Lisboa (Madredeus) e até mesmo com a magnífica trilha sonora de O Hotel de Um Milhão de Dólares. 
Desta vez Wim Wender se aventurou pelo mundo da linguagem universal do corpo: a dança. E não escolheu uma companhia qualquer para filmar: foi logo em uma das melhores - a  Tanztheater Wuppertal Pina Bausch.
O documentário começou a ser filmado alguns dias após a morte da coreógrafa alemã Pina Bausch - que faleceu 5 dias após receber o diagnóstico de câncer. A hipótese de não levar a filmagem adiante foi logo afastada pelo corpo de baile, que acabou por fazer uma imensa homenagem à coreógrafa.
O filme mescla cenas de grandes coreografia - A Sagração da Primavera, Cafe Müeller, Lua Cheia e Pátio dos Contatos - e testemunhos dos próprios bailarinos. O que me chamou a atenção foi exatamente a feição de luto de cada um daqueles que se manifestaram: a saudade da grande amiga, mãe e coreógrafa estava estampada no rosto de cada um deles. 
Meu primeiro contato com a arte de Pina se deu pelo cinema: Almodóvar lançou Café Müller em Fale com Ela. Fiquei extasiada com as cenas das cadeiras. Nunca mais tive contato ou notícia da coreógrafa. Até sua morte e início das filmagens deste documentário, em 2009. E agora, vendo a obra-prima finalizada, chego à conclusão que a perda de Pina foi grande sim, mas seu legado sobrevive. 


 Cena inusitada no centro de Berlim.

 Esta imagem me lembrou o final de O Sétimo Selo (referência a Bergman de Pina ou de Wenders?)


Força e delicadeza. 

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