sábado, 28 de janeiro de 2012
O divã de von Trier
Europa
Lars von Trier
1991
Este filme faz parte de uma trilogia de von Trier (sendo os outros Epidemia (1987) e Elemento do crime (1984)) que marcou o início da carreira do diretor.
Baseando-se na Alemanha do pós-guerra e nos fantasmas que ainda circundavam a Europa do holocausto, von Trier consegue uma atmosfera noir não apenas pelas técnicas empregadas no filme mas principalmente pelo terror psicológico. O filme é narrado como se estivéssemos num divã, durante uma sessão de regressão ou hipnose. Tudo o que o personagem principal faz é previamente anunciado pela voz em off. As cenas em preto e branco dão lugar às cores em específicos momentos que podem demonstrar horror, lucidez ou libertação, como se, ainda no divã, nos deparássemos com nossos escorpiões e, após aberta a caixa do inconsciente, nada mais pudesse se esconder na penumbra.
E aqui já se percebe elementos que mais adiante, nos próximos filmes, são retomados de maneira sublime: a cena final de Dogville, a cena da grama em Anticristo, a própria melancolia de Melancolia.
A minha dedução é que Lars von Trier nunca mudou: o germe do cinema fantástico que vemos nos últimos anos já estava aflorado desde os primeiros roteiros e filmagens. Um gênio (ainda que suspeito) do cinema atual.
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